“Se libertar meus escravos, vou à falência!” (Liderança agro-pecuarista – 1888)
“Se atender às leis trabalhistas, vou à falência!” (Liderança industrial – 1943)
“Se atender às boas práticas ESG, vou à falência! (Liderança empresarial – 2022)
Os posicionamentos acima reacionários e em momentos importantes da economia brasileira demonstram, de um modo enviesado, o aumento da consciência da sociedade ao passar dos tempos. Essa impressão é corroborada pela análise aprofundada e fundamentada em fatos, dados e estudos no livro “Era do Impacto” (James Marins, 2019). A leitura, que recomendo, nos dá esperança demonstrando a curva exponencial da evolução consciencial da humanidade, através da transformação massiva que estamos vivenciando, conforme o autor e conselheiro da Filial Regional do Capitalismo Consciente em Curitiba.
No capítulo #6.4, considera: “o elemento mais intrigante de toda nossa curta história (e de nossa longa pré-história) permanece sendo o que somos hoje, é a chocante percepção de que nossa evolução não foi apenas física (a máquina de sobrevivência) ou intelectual (o ser computacional), também foi consciencial (abstrata, metafísica, ética, moral, espiritual…) Essa é uma característica exclusivamente humana e o código secreto de nosso autodescobrimento.”
Pontuo, no entanto, que não considero a Agenda ESG (boas práticas empresariais nas dimensões eco ambiental, social e de governança) uma abordagem consciencial, já que os parâmetros foram criados pelo mercado financeiro e de capitais visando minimizar seus riscos de investimentos. Porém, avalio que essa iniciativa impulsiona e revigora o atendimento à Agenda 2030 elaborada pela ONU e mais 193 países, esta sim, de cunho global e consciencial para buscar reverter os impactos negativos ao meio ambiente e à população, principalmente as mais afetadas pela crise climática, fome e movimentos migratórios.
Implantar a agenda ESG leva mesmo à falência?
Considerando o cenário exposto, as lideranças precisam se reinventar e até entender que por ser exigido pelo ambiente empresarial, não há opção de não implementarem ESG na estratégia dos negócios de forma ampla e verdadeira pois o risco de “falência”, perda de investimentos ou valor de marca pode vir por NÃO se adequarem.
É importante desmistificar o fato de que é um investimento oneroso e por isso, leva à tal da “falência”. Muitas das práticas que correspondem às metas dos ODS, como eficiência energética ou hídrica reduzem custos de operação (além de diminuírem emissões e o uso de recursos naturais) que numa estratégia de trade off colaboram para implementação de outras tantas. Na dimensão social, da mesma forma, as práticas de inclusão, diversidade, cuidados com saúde e bem-estar do colaborador já possuem resultados que levam à maior retenção, diminuição do absenteísmo e aumento da produtividade. Atender a todas as dimensões, com estratégias inteligentes, com certeza levam ao fortalecimento da marca, um resultado não tangível de forma imediata.
O desejado é que as lideranças de todos os setores, busquem evoluir o seu nível consciencial, adotando primordialmente como roadmap a Agenda 2030 e, por consequência, melhorar sua performance empresarial na Agenda ESG.
Nós da filial de Curitiba do Capitalismo Consciente, temos o propósito de ampliar essa visão, agregando pessoas e empresas que já são Líderes conscientes ou ainda que buscam conhecer e vivenciar esse espaço de troca e fortalecimento deste movimento!
*Sandra Pinho Pinheiro é Arquiteta especialista (UFRGS) com sólida carreira na área de saúde e sustentabilidade. Hoje atua como Conselheira de Inovação, consultora e mentora engajando conselhos, empresas e startups na adesão às Agendas 2030 e ESG. Como advocacy, é Conselheira Consultiva do Capitalismo Consciente em Curitiba, palestra e engaja o mercado e novas lideranças rumo à um capitalismo mais consciente e por isso mais humano, imprescindível para a nova economia.