Você já parou para pensar na má reputação do Capitalismo? No quanto as pessoas falam mal dele sem nem entender direito como funciona, apesar de viverem em uma sociedade capitalista? Isso acontece porque há uma construção, no imaginário coletivo, de que Capitalismo é sinônimo de ganância, lucro desmedido, exploração dos trabalhadores, do meio ambiente, da sociedade na totalidade. É o lucro pelo lucro – obtido passando-se por cima de tudo e todos.
Infelizmente, essa má reputação não é totalmente infundada. Afinal, nós aqui sabemos que existem muitos exemplos desse tal “Capitalismo selvagem”: crises provocadas pela especulação, investimentos que impactam negativamente no meio ambiente, estratégias de negócios com foco no curto prazo, trade off, escândalos de corrupção e manipulação de resultados. Tudo isso, de certa forma, se fixou no imaginário popular e sobressai sobre qualquer relato ou case que mostre ações capitalistas positivas.
É difícil bater o martelo sobre o ponto exato da história em que o Capitalismo se tornou uma espécie de pária. Mas isso não faria diferença, agora, pois a questão que se impõe é que esse mesmo sistema foi e segue sendo responsável pela geração de riquezas, desenvolvimento da nossa tecnologia, sem falar que possibilita oportunidades e traz respeito às liberdades individuais, entre tantos avanços.
Essa espécie de conta – em que colocamos débitos e créditos – forma o que chamamos de capital reputacional. É um cálculo rápido e inconsciente que fazemos individualmente sobre cada pessoa, empresa, conceito… E é aí que precisamos atuar para reverter a má reputação do Capitalismo.
Como? O passo um é adotar práticas conscientes, em especial no pilar Orientação para Stakeholders.
A importância dos stakeholders na construção do capital reputacional
Sempre que trago o conceito de reputação para a mesa, explico que ela é aquilo que está na cabeça do outro, não é aquilo que você fala. A reputação é construída na prática, não no discurso. Claro que construir uma boa reputação começa com você, na forma como você se mostra pro mundo; porém, ela termina na percepção que os stakeholders criam sobre você.
Seus liderados enxergam na prática suas atitudes conscientes? Eles são beneficiados por elas? Seus fornecedores podem ter certeza de que terão uma negociação justa na hora de fechar os contratos? Seus investidores sabem quais são suas estratégias de longo prazo?
Tratar todos esses atores de forma coerente, a partir do propósito da empresa, ajuda a fortalecê-la, mas auxilia também a criar essa nova visão do Capitalismo que queremos e com o qual conduzimos nossos negócios: ao objetivarmos ganhos mais horizontais para toda a cadeia de valor fazemos com que o Capitalismo seja menos “selvagem”, como já foi chamado.
São esses pequenos compromissos que, se e quando assumidos pelas empresas, podem deixar a conta do capital reputacional positiva ou negativa. Ao ter capital reputacional positivo, extrapolamos o que as pessoas esperam de nós e podemos, inclusive, subverter a lógica instaurada. As empresas conscientes estão fazendo exatamente isso: estão criando créditos que irão reduzir gradualmente essa má reputação do Capitalismo que ainda está no imaginário.
O que precisamos é que cada vez mais empresas tenham essa tomada de consciência, entendendo ser possível ter essa nova forma de prosperar através do desenvolvimento dos pilares do Capitalismo Consciente. É a partir daqui que começamos a mudar o jogo: aos poucos e através do exemplo.
Fabiane Madeira é founder e head de estratégia da Éfe Reputação de Marcas, empresa associada da Capitalismo Consciente no Rio Grande do Sul.