Como não virar um dinossauro?

Os idosos querem e podem sentir-se úteis, contribuindo com sua experiência e competências para os destinos de suas famílias, amigos e comunidades. Muitas expressões que são usadas ferem a dignidade dos idosos, desvalorizando-os, causando tristeza e o sentimento de ser desrespeitado. Uma delas é “você é um dinossauro!”.

Como idosos devemos agir e resgatar nosso papel na sociedade. Para isso, uma das possibilidades são ações de aprendizagem vitalícia. Nós vivemos em uma época de rápidas, intensas e radicais transformações, em todas as dimensões da vida humana. E estar atualizado é crucial nos dias de hoje.

Ao mesmo tempo em que tudo muda rápido, os idosos tendem a ficar ”lentificados” à medida que envelhecem, mas isso pode ser minimizado, evitando virar um dinossauro. Para isso, é importante manter a cabeça sempre ativa e receptiva a novos ensinamentos.

Algumas pessoas têm atitudes nada humildes do tipo “já sei de tudo, não preciso aprender mais nada, estou muito velho para voltar para a escola”, ou “essas novas tecnologias não me interessam”. Quem pensa e age dessa forma, literalmente se transforma em um dinossauro, obsoleto, defasado, com opiniões congeladas para todos os assuntos, fechado para qualquer novidade ou abordagem nova, com os pés solidamente fincados no passado. E isso é péssimo num mundo em transformação!

Para envelhecer de bem com a vida é necessário estar aberto às mudanças, ter humildade para reconhecer que o mundo mudou, que não somos necessariamente os donos da verdade e que podemos e devemos aprender coisas novas. Sempre.

Posso e devo ser um guardião da cultura, dos valores éticos, que são fatores pouco mutáveis. Mas para ter sabedoria é preciso também estar atento às mudanças. Nem tão cristalizado, a ponto de tudo ser conhecido e rotineiro, nem tão inovador para que o mundo não seja totalmente caótico e imprevisível. É um caminhar entre essas duas polaridades. Como diz a velha oração da Idade Média: ”Senhor, me dê a coragem de mudar o que precisa ser mudado, a humildade de aceitar o que não deve ser mudado, e a sabedoria de diferenciar uma coisa da outra”.

Como não virar um dinossauro? Estar aberto a aprender é fundamental. Algumas opções podem ser exploradas, por exemplo, num processo de coaching. A disposição de aprender depende também das condições físicas, emocionais e financeiras de cada um. São elas:

  • Internet, smartphones, notebooks, tablets etc. – a Tecnologia da Informação junto com os avanços nas comunicações apresentam possibilidades fascinantes, em especial para os idosos. Saber lidar com esses equipamentos possibilita contatar e ver seus filhos e netos, que vivem em outras cidades ou países, com programas como Skype ou Zoom. É uma forma de acompanhar o dia a dia da família distante, e diminuir os efeitos da “síndrome do ninho vazio”. Recursos como Facebook, Whatsapp, Instagram e mesmo o E-mail, possibilitam rever amigos, fazer novas amizades e aprender muito.
  • Empreendedorismo – muitos profissionais próximos da aposentadoria sonham em abrir um negócio próprio, em qualquer área de atividade: uma start-up tecnológica, uma pousada nas montanhas ou no litoral, uma empresa de manutenção doméstica, ser um guia de turismo, produzir alimentos orgânicos, oferecer serviços de apoio a idosos, ou dar aulas ou consultoria. Para que isso seja uma fonte de alegrias e de bons resultados, é preciso estar muito bem preparado para que esse investimento de tempo e dinheiro não se transforme em um pesadelo. O SEBRAE oferece boa orientação nesse sentido.
  • Voltar a estudar – tanto na modalidade presencial como no EAD (Ensino à Distância), existem inúmeras opções grátis e algumas pagas para estudar o que interessa a cada um. Destacamos:
    • UATI/USP – Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade de São Paulo, com um catálogo semestral de centenas de cursos, atividades de arte, esportes, estudos, cultura etc. Basta ter 60 anos ou mais (http://prceu.usp.br/3idade/)
    • Escola Virtual – voltada a servidores públicos e cidadãos em geral, com cursos em diversas áreas de conhecimento (www.escolavirtual.gov.br)
    • Cursos superiores: muitos idosos podem concretizar o sonho de fazer um curso superior, ou uma 2ª. formação superior, em suas áreas de interesse
  • Autoconhecimento – conhecer melhor a si mesmo e aos outros ajuda a evoluir sua consciência e viver melhor. Destaco o modelo rei – guerreiro – mago – amante, onde você poderá conhecer melhor as suas formas de atuar e como relacionar-se com mais harmonia com os outros (www.quatrotipos.com.br)
  • Leitura, vídeos, cinema, teatro, shows – esses são recursos muitas vezes divertidos, que são excelentes formas de aprendizado, possibilitando reflexões importantes para a vida, como envelhecimento, relacionamentos, limites, novas abordagens etc. Como exemplos temos Netflix, YouTube, Google, entre outros. Existem também centenas de E-Books grátis, incluindo clássicos e ou outros de domínio público.
  • Idiomas – aprender um novo idioma é um recurso que não só nos abre a novas culturas e modos de vida, mas também estimula a criação de novas sinapses em nossos cérebros, diminuindo os riscos de demência ou Alzheimer. Aprender um idioma também abre possibilidades profissionais nas áreas de turismo e traduções. Aí podem ser cursos presenciais ou via Internet. Hoje em seu smartphone estão disponíveis cursos na maioria dos idiomas.

Um processo de coaching apoia quem entra nessa fase da vida, tanto na identificação de sua situação atual, os potenciais e pontos a melhorar, como também define a visão de futuro, nas quais se incluem os sonhos que foram ficando no meio do caminho. E com isso é possível estabelecer planos de ação concretos e viáveis. Existe um horroroso provérbio que diz: não se ensina truques novos a cachorros velhos. Nós não somos cachorros, e sim humanos que podem e devem estar abertos à aprendizagem vitalícia, e com isso envelhecer de bem com a vida. 


Gustavo G. Boog é Coach, consultor, palestrante e escritor, Diretor da Boog Consultoria


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