Cultura Consciente: Prática social para uma economia em rede

Quando se fala de uma mudança de enfoque na abordagem empresarial, na qual o lucro é imperativo, surge uma dúvida: esse seria um problema puramente cultural ou vai além disso, revelando uma questão mais profunda, relacionada à falta de valores éticos, em que o propósito seja apenas o autobenefício?

A complexidade do tema vai além do aspecto cultural; seria muito mais simples se tratasse apenas de aplicar  informações sem considerar a consciência.

A globalização tem intensificado  a crise ética, pois os valores foram sendo diluídos pela sociedade ao longo dos anos, independentemente de cada país. Isso implica em princípios, valores e, portanto, no sentido moral de cada ecossistema cultural, que coloca em xeque os códigos e regras que garantem uma convivência respeitosa e harmoniosa.

O pensador contemporâneo Jared Diamond aborda estes temas em seu livro “Colapso”, no qual explora as principais causas que levam uma sociedade próspera a entrar em colapso, resultando na fragmentação, confrontos, perda de direção e, por fim, na sua inevitável desintegração.

Segundo o geógrafo estadunidense, um fator comum ao longo do tempo é a incapacidade de mudar, resultado das resistências internas da sociedade em buscar soluções proativas para os problemas ecológicos e/ou para o caos social gerado por grandes processos migratórios.

Nesse mesmo sentido, o filósofo francês Eric Sadin, no seu livro “Individualismo Tirano”, destaca a necessidade de superar o  “estado de emergência emocional e ética” em que as sociedades se encontram, a partir da tomada de consciência real do que está acontecendo.

Com base no que foi discutido até aqui, quando o Capitalismo Consciente coloca o propósito maior como seu pilar principal, é prioritário considerar a necessidade de desenvolver uma nova formação cidadã, voltada para a ética da vida coletiva consciente, em termos de prática social de uma economia regenerativa em rede.

Uma pedagogia eficaz é aquela que fortalece a comunidade e seu ecossistema cultural, visto como um processo contínuo de evolução civilizatória.

Portanto, ao considerar o novo ciclo que o movimento do Capitalismo Consciente inicia no Brasil, pensar em rede significa estimular o saber de acordo com a autonomia e as competências de cada indivíduo, respeitando a diversidade humana. Isso envolve um trabalho associativo e integrado, evoluindo para fortalecer a sociedade como um todo em seu processo de evolução.

Entender uma economia em rede é se conscientizar de que ela é uma prática social que nos conecta ao mundo, levando-nos a promover uma economia regenerativa e inteconectada, inspirada na ética e na responsabilidade em relação a um território e seu ecossistema, tanto natural quanto cultural.

Desaprender para voltar a aprender (saber sem entender), aprender fazendo (saber fazer), aprender a ser recíproco (saber praticar a associatividade). Afinal, para sermos competitivos, devemos aprender a nos integrar tanto territorialmente como socialmente.


Autor

Me. Arq. Urb. Daniel Caporale, diretor da SG Cultura Cidadã Consciente e A.Gente do Capitalismo Consciente Brasil

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