Cultura: o fio condutor

Nenhuma empresa existe isoladamente. Todos os negócios são construídos a partir da união de diferentes forças que buscam alcançar um objetivo comum: a perenidade do negócio. A cultura permeia e resulta da interação dessas forças, expressando-se por meio da missão, do comportamento, dos valores, das expectativas e outros aspectos presentes durante a existência da empresa.

Sisodia e Mackey, em “Capitalismo Consciente”, descrevem a cultura como “o espaço no qual reside a riqueza e a complexidade das pessoas e onde brilha seu aspecto humano” (MACKEY & SISODIA, 2018),  tornando-a um componente de grande força e potência para o negócio. Peter Drucker corrobora essa reflexão ao descrever a importância da cultura em sua conhecida frase: “a cultura engole a estratégia no café da manhã”, lembrando-nos que a força presente nela pode tanto fortalecer e desenvolver o negócio e o impacto gerado, quanto desmontar qualquer estratégia planejada. A cultura organizacional não pode ser controlada, mas podemos orientá-la de forma saudável e próspera por meio de exemplos e práticas conscientes.

Pensar em Capitalismo Consciente é entender a importância de trazer para a consciência não apenas a geração de lucro, mas também o consumo e o relacionamento com tudo e todos impactados pela existência do negócio. Elevar a consciência é buscar conectar-se com o propósito mais íntimo, permitindo que todas as partes coexistentes no negócio despertem e floresçam em prol do crescimento mútuo e equitativo.

Evoluir a cultura dos negócios vai além de simples ajustes operacionais; representa uma transformação profunda nos valores, na ética e na forma como as organizações interagem com seus stakeholders e o meio ambiente. Este processo de evolução não se limita a melhorias incrementais, mas em trazer para a ação, o alinhamento da estratégia e das práticas com entendimento e responsabilidade dos impactos gerados.

Promover a evolução de uma cultura consciente nos negócios é, na verdade, incentivar o progresso e a evolução da própria sociedade, direcionando o futuro dos negócios para um desenvolvimento que respeite os limites do nosso planeta e as necessidades das futuras gerações. Isso significa cultivar um ambiente onde o aprendizado contínuo e a capacidade de adaptação são valorizados, criando um espaço que acolhe inovações autênticas e incentiva a expressão verdadeira do potencial humano. Dessa forma, não apenas abrimos portas para o inédito e o inovador, mas também resgatamos e valorizamos o mais puro e essencial do ser humano, redefinindo o sucesso empresarial em termos de contribuição positiva para o mundo.

Dessa forma, pensar em negócios não é apenas uma questão de gerar lucro, mas sim uma jornada que nos convida a perceber as possibilidades de transformação. Transformar nosso entorno, a realidade e o futuro que está sendo construído a partir de nossas ações. É pensar em propósito e resultados, olhando tanto para dentro quanto para fora.

As dificuldades e desafios cotidianos de um negócio, consciente ou não, são inerentes à sua existência. A questão é: que escolha você faz?

É essencial trazer leveza e diversão para o despertar da consciência. A cultura deve sustentar as polaridades presentes na dinâmica dos negócios. O ritmo mudou, cada vez mais nos deparamos com novos desafios, caminhos desconhecidos, tempos acelerados, diferentes perspectivas e contextos distintos, que demandam adaptação e atenção constante para agir com agilidade e, se necessário, reavaliar a rota. Realidade que existe independente do impacto que geramos e sempre coexistirá produzindo no todo um impacto maior.

Diante dessa perspectiva, por que não desfrutar da dinamicidade presente na era da agilidade e do fácil acesso à informação para promover práticas positivas e ações regenerativas, a fim de inspirar as atuais e as futuras gerações a adotar práticas conscientes? Uma verdade já estabelecida (quer você assuma ou não) é que todos os negócios, independentemente do setor, tamanho e resultados, têm um stakeholder comum: o meio ambiente. A pergunta é: que legado você deixará para o futuro?

A cultura consciente é o fio condutor que conecta e os diferentes pilares de um negócio consciente. Só há um caminho para uma empresa se tornar consciente, e esse caminho envolve promover práticas e ações que sustentam uma cultura unida e impulsionada  por um propósito maior, onde as lideranças espelham essa cultura e orientam suas estratégias para impacto positivo e próximo dos stakeholders.  

Dessa forma, evoluir a cultura dos negócios significa transcender práticas tradicionais individualistas, abraçando uma consciência coletiva que prioriza sustentabilidade, equidade e o bem-estar de todas as partes envolvidas. É uma jornada que reflete não apenas o crescimento econômico, mas também o avanço social e ambiental, na busca por marcar um novo capítulo na história da humanidade onde o sucesso é medido pela harmonia entre lucro, pessoas e planeta.

Todo processo de transformação é uma jornada que acontece de dentro para fora. Se você não começar a examinar suas práticas, ações e impactos gerados, assumindo a responsabilidade por eles, nada neste texto ou em qualquer teoria fará sentido. O que importa é o que você faz e como você o faz. Não poderemos ter uma cultura consciente se não formos genuinamente seres conscientes. O convite para reflexão sobre nossos negócios e práticas profissionais, elevando a consciência é o que abre espaço e nos permite explorar infinitas possibilidades.

Se tudo começa em você, que este texto seja o sopro de inspiração necessário para que a transformação no seu negócio também comece por você.

Autora:

Fabiana Zancanella, Conselheira e coordenadora do eixo de eventos na Filial Regional do Capitalismo Consciente no Rio Grande do Sul e é especialista em pessoas, felicidade, empreendedorismo e negócios conscientes. 

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