Dengo e Gastronomia Periférica: Transformando Vidas através da Comida

Durante o III Fórum Brasileiro do Capitalismo Consciente, realizado no dia 20 de setembro, o painel “Comida de Impacto” proporcionou uma rica troca de ideias com dois influentes nomes na área: Edson Leite, fundador da Gastronomia Periférica, e Estevan Sartoreli, CEO da Dengo. Mediados por Grazi Mendes, Head de Diversidade e Inclusão da ThoughtWorks, os participantes compartilharam suas visões sobre como a comida pode ser uma força transformadora na sociedade.

A Gastronomia Periférica, um negócio social com DNA periférico, surgiu organicamente na trajetória de Edson. Ele contou que, embora a busca por recursos financeiros fosse uma necessidade, as ações sociais não eram paralisadas pela falta de dinheiro. Edson ressaltou sua experiência pessoal, tendo vivido em uma região marcada por violência e falta de perspectivas.

“A periferia não é a base da pirâmide, ela é a própria pirâmide.”

O ponto de virada da Gastronomia Periférica ocorreu quando Edson percebeu o potencial transformador da gastronomia para mudar a realidade das comunidades periféricas. Ele começou conduzindo oficinas de gastronomia nas favelas de São Paulo, ensinando a não desperdiçar alimentos e promovendo a conscientização sobre a importância da alimentação.

O chef destacou a urgência da discussão sobre a fome, colocando a alimentação como fundamental para quem está passando por dificuldades. E provocou a reflexão sobre a diferença entre comer por vontade e se alimentar por necessidade, ressaltando a importância de garantir que as pessoas tenham escolhas dentro desse processo.

“Boa alimentação para quem está com fome é qualquer coisa. Quando você está com fome, você não tem escolha, você só quer comer.” 

Edson Leite falou sobre a importância de reconhecer o papel vital de cozinheiros, produtores e de todos os envolvidos na cadeia de alimentos, questionando a lógica de referências e valores que muitas vezes não refletem a realidade das comunidades periféricas. Sua mensagem enfatizou a necessidade de transformações profundas na abordagem da alimentação, considerando não apenas aspectos nutricionais, mas também sociais e econômicos.

 “Toda essa lógica de estrutura faz com que a gente nem pense em quem são as nossas referências, porque elas não se parecem com a gente.”

Já Estevan Sartoreli, CEO da Dengo, contou um pouco sobre a jornada da Dengo como um negócio de impacto social e a importância de integrar negócios e terceiro setor para impulsionar transformações significativas. Sartoreli enfatizou que o dinheiro deve seguir uma intencionalidade maior e não ser um fim em si mesmo.

“É naquele ponto intermediário entre negócio e terceiro setor que mora a beleza da transformação que a gente precisa fazer acontecer no mundo.”

A Dengo, fundada em 2017, nasceu como um negócio de impacto social com o objetivo de gerar renda decente para pequenos e médios produtores de cacau no Brasil. Sartoreli destacou que a questão central para muitos desafios sociais, como trabalho infantil e desmatamento, é a falta de renda decente para as pessoas.

De acordo com ele, a empresa implementa uma lógica de prosperidade, pagando o dobro para os produtores em comparação com o mercado de cacau padrão. Essa abordagem não apenas contribui para a sustentabilidade da cadeia cacaueira, mas também gera engajamento dos colaboradores, reduzindo o turnover e aumentando a produtividade.

“Cabe a nós, como líderes conscientes, olhar para o negócio e entender que nossos colaboradores, parceiros e partes interessadas farão por nós o que nós fizermos por eles.”

O CEO da Dengo compartilhou desafios enfrentados ao empreender no Brasil, incluindo burocracia e a necessidade de repensar a comunicação para engajar as pessoas na transição para uma vida mais coerente. E ressaltou a importância de ações concretas para superar preconceitos e construir relacionamentos autênticos com os produtores.

“No mundo, empreender é uma luta. No Brasil, é uma guerra diária e perseverante.”

Por fim, Sartoreli falou sobre seus sonhos para o futuro, imaginando um mundo onde a valorização do capital, das pessoas e do planeta esteja em igualdade. Ele expressou a esperança de que as práticas diferenciadas da Dengo se tornem a norma e não apenas uma exceção, contribuindo para a felicidade coletiva por meio da igualdade e justiça.

“Eu sonho com o dia em que a valorização do capital, das pessoas e do planeta esteja em igualdade. Igualdade e justiça trazem felicidade.”

O painel “Comida de Impacto” ofereceu uma visão inspiradora sobre como a comida pode ser uma ferramenta poderosa para impulsionar transformações sociais e ambientais, refletindo a essência do Capitalismo Consciente em ação.

Confira alguns cliques do painel no III Fórum Brasileiro do Capitalismo Consciente:

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