ESG e Capitalismo Consciente, requisitos para a Nova Economia

por Gisele Victor Batista*

As empresas têm vários motivos para buscar o ESG (do termo em inglês Environmental, Social and Governance), tais como ganho reputacional da marca, captação de recursos financeiros, aumento de vantagem competitiva, além do aumento de seu valor de mercado. 

Contudo, adotar práticas de ESG deve fazer parte de um processo mais profundo, enraizado no propósito da empresa, ultrapassando as barreiras obrigatoriedade legal, campanhas de marketing superficiais ou realizar projetos a partir de departamentos autônomos, de forma isolada e desarticulada.

Nova forma de fazer negócios

Ao basear a sustentabilidade como estratégia de gestão, as empresas devem criar uma forma diferenciada de fazer negócios, incorporando a cultura consciente da companhia em todas as suas entregas, buscando melhorar seus processos internos para reduzir os impactos ambientais que possa estar gerando ao meio ambiente e criar uma Agenda Sustentável (Ambiental – Environmental – do ESG / Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – Agenda 2030 – ONU).

Esse novo conceito de companhia que integra em seus valores às três esferas da sustentabilidade (ambiental, social e econômica), além de incluir o domínio da governança e da inovação, alcançam resultados intangíveis e enquadram-se em um novo conceito de gestão de negócios: Empresas Conscientes.

Capitalismo Consciente

O tema tem sua origem no Capitalismo Consciente, conhecimento apresentado por Mackey e Sisodia (2018), no qual demonstram que é possível as empresas trabalharem a favor da criação de valor para seus multistakeholders (partes interessadas), gerando lucros e aumentando mercados.

Segundo os referidos autores, o Capitalismo Consciente é um paradigma em desenvolvimento para os negócios que buscam criar, simultaneamente, diferentes tipos de valor e bem-estar para todas as partes interessadas: financeiro, intelectual, físico, ecológico, social, cultural, emocional, ético e até mesmo espiritual.

As empresas conscientes conseguem reconhecer que o resultado financeiro é consequência deste novo modelo de pensar o negócio, de forma mais ampla e humanizada, com maior preocupação de geração de valor à sociedade e ao meio ambiente.

Boas práticas nos negócios

As empresas conscientes investem em práticas de ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) para o alcance de seu propósito maior, avaliando como as suas atividades podem impactar de forma positiva a vida das pessoas, ao mesmo tempo que têm cuidado com a sociedade e ao meio ambiente ao seu redor.

Neste novo conceito de gestão de empresa, o ESG passa a ter congruência entre prática e teoria, ou seja, prevalece o bem-estar de colaboradores, que não são mais vistos como meros recursos para alcançar as metas corporativas, mas, sim, vidas que se engajam num objetivo comum, numa realização conjunta de entrega à humanidade e construção coletiva de uma sociedade mais equitativa e inclusiva (Social do ESG).

Por isso, as práticas de ESG, no âmbito dos negócios conscientes, buscam promover mais que melhorias, de forma pontual e mecânica. Seu propósito maior é contribuir com a promoção de produtos e serviços que façam a diferença na vida de seus clientes, pensando e potencializando esses benefícios através do uso da inovação, seja ela tecnológica ou não, e ampliando sua responsabilidade na elevação do potencial e habilidades humanas.

Agindo desta forma, as empresas conscientes entram em sintonia com as demandas da sociedade, criando relações de confiança com os diversos públicos e partes interessadas (multistakeholders).

Fortalecimento de marca e prosperidade

Ao atuar com a ética, comprovando de maneira genuína sua preocupação com o meio ambiente e com condutas que promovam a inclusão e reduzam a corrupção, a empresa consciente consolida sua marca e cria um sentimento de pertencimento aos seus consumidores, os quais procuram nela mais que produtos e serviços: estimam por uma referência de transparência na conduta empresarial (Governança do ESG).

Para ser consciente, conforme Mackey e Sisodia (2018), a empresa precisa ter:

  1. Propósito maior que seja voltado à humanidade, com entrega e benefícios mútuos, colocando este propósito acima do lucro;
  2. Ter integração com os stakeholders, onde todas as partes interessadas tenham o mesmo valor, numa relação horizontal de transparência e confiança;
  3.  Adotar uma cultura e gestão consciente, com humanização e sentimento de pertencimento dos colaboradores;
  4. Ter uma liderança consciente, preocupada com as demandas da sociedade e usando seu poder e influência para disseminar o propósito e cultura da empresa.

Para ser consciente, a empresa deve descobrir o propósito de existência de seu negócio. Quando isso acontece, a empresa tem como visão a valorização das habilidades do ser humano e entregará produtos e serviços que importam e tenham significado à humanidade

Ao adotar a cultura da inovação, da transparência e ética e reajustar de forma sustentável seus processos, todas as ações práticas de implantação da sustentabilidade adquirem um diferencial intangível e imensurável, de direcionamento/posicionamento de mercado.

A escolha por ser consciente tem mais relação com a forma de gestão organizacional a ser adotada pela companhia, que investimentos financeiros propriamente ditos.

Diz respeito ao modo como a empresa se percebe enquanto organização, como pretende criar seu posicionamento/direcionamento de mercado, e quais os valores humanos que está partilhando para alcançar esse objetivo.

Transformação do mundo

Ser uma empresa consciente tem mais relação com a descoberta e aplicação de seu propósito, numa entrega de valor agregado à sociedade, indiferente ao porte organizacional. Quando despertada por um propósito, a motivação é intrínseca ao negócio, revelando-se muito mais eficaz e poderosa do que investimento financeiro extrínsecos.

Empresas conscientes podem e devem transformar o planeta num mundo melhor, de maneira criativa e inovadora, com paixão pelo ser humano e responsabilidade com o desenvolvimento sustentável.

Isto acontece porque a empresa utiliza sua consciência e inteligência para promover sua perenidade, tornando-se peça fundamental e relevante no protagonismo de transformação do mundo com um propósito mais sustentável com valorização das habilidades humanas (Human Skills Manifesto).

Fonte

MACKEY, John; SISODIA, Raj. (2018). Capitalismo Consciente: como liberar o espírito heroico dos negócios. Rio de Janeiro-RJ: Editora Alta Books.

BATISTA, Gisele Victor. Sustentabilidade na 4ª RI: Liderança com impacto e empresas conscientes. Revista Gestão e Sustentabilidade Ambiental – UNISUL disponível no link.

Texto adaptado de Linkedin.

*Gisele Victor Batista é Conselheira na Filial Regional do Capitalismo Consciente em Santa Catarina | Consultora em ESG e Responsabilidade Social | Colunista de Sustentabilidade e Liderança Humanizada | Mentora Empresarial e de Desenvolvimento Pessoal |Palestrante em Mudanças Climáticas, Agenda 2030, Economia Circular.

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