Quais são as métricas de sucesso da sua empresa?

Medimos o sucesso de nossa sociedade pelo PIB, mas será que esse indicador realmente reflete a qualidade de vida das pessoas? Paradoxalmente, atividades que aumentam o PIB muitas vezes pioram a vida das pessoas. Se alguém mora longe do trabalho, fica doente com frequência ou precisa comer fora todos os dias, mais dinheiro é gasto, elevando o PIB, mas prejudicando o bem-estar individual. Por outro lado, práticas saudáveis como morar perto do trabalho, passar mais tempo com a família, caminhar ou plantar sua própria comida, que promovem a saúde e a felicidade, não são contabilizadas no PIB.

No contexto global, enfrentamos um dilema semelhante. Enquanto o retorno do capital produtivo industrial é de 5%, deixamos de obter maiores ganhos do capital natural, cujo retorno é de 19%. Isso revela nossa falha em avaliar de forma inteligente onde estamos investindo nosso tempo, energia, dinheiro e saúde, tanto nossa quanto do planeta, para tornar a Terra socialmente justa, economicamente viável e naturalmente habitável.

Esse cenário não é diferente nas empresas. Penso que o verdadeiro resultado de uma organização só se concretiza quando o que ela produz, presta como serviço ou comercializa resolve um problema, atende a uma necessidade ou gera benefício para a sociedade. Caso contrário, essa empresa realmente precisa existir?

Embora essa premissa seja clara para muitas startups focadas em modelos de negócios voltados para a solução de problemas, o desafio reside em como mensurar se a empresa está efetivamente cumprindo essas metas. As métricas e indicadores que utilizamos estão realmente no lugar certo? Porque muitas empresas focam exclusivamente nas receitas, faturamento, EBITDA ou lucro, mas como bem disse Theodore Levitt: “O lucro é consequência de um sistema.”

Por exemplo, enquanto a maioria das empresas foca em faturamento, disponibilidade de equipamentos e cumprimento de prazos, essas métricas apenas medem a consequência do comportamento organizacional. Para medir o faturamento, devemos focar em ações concretas como realizar 100 ligações por semana, fazer 30 visitas e apresentar 10 projetos para fechar uma venda. Para medir a disponibilidade dos equipamentos, devemos acompanhar o percentual de manutenção preventiva. Já para medir o cumprimento de prazos, é essencial metrificar a aderência à programação.

Essa lógica pode ser simplificada com uma analogia: colocar uma meta para emagrecer 5 kg, que não está totalmente sob nosso controle, é menos eficaz do que focar em comportamentos controláveis, como ir à academia três vezes por semana e comer frituras apenas uma vez na semana.

Além disso, ao medir apenas o resultado final e não o comportamento que o gera, corremos o risco de focar no esforço, e não no resultado propriamente dito. Em vez de contar a quantidade produzida, vendas realizadas e horas trabalhadas, deveríamos avaliar a aderência à programação, margem de contribuição e valor gerado por hora.

E o que dizer dos fatores relacionais, muitas vezes negligenciados? Custos relacionais, ausência de confiança, engajamento, bem-estar e felicidade dos colaboradores são aspectos cruciais que também precisam ser considerados. Afinal, se as pessoas que trabalham se sentem bem, os clientes atendidos por elas também se sentirão satisfeitos. Clientes satisfeitos compram mais e indicam sua empresa, o que, por sua vez, eleva o faturamento, permitindo remunerar melhor os funcionários, contratar fornecedores de qualidade e pagar mais impostos, beneficiando a sociedade como um todo. E, por consequência, os acionistas também sairão ganhando.

Reflita: as métricas que você utiliza estão realmente medindo o sucesso da sua empresa ou apenas indicadores superficiais?


Autor

Daniel Fünkler Borelli, lider da Filial regional do Capitalismo Consciente Brasil no Rio Grande do Sul, educador de líderes e gestores e fundador da PENSAR Educação Empresarial.

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