Por Natalia Viri
A incorporação dos fatores socioambientais ao processo de investimento se tornou um imperativo no mercado.
Mas qual a diferença entre ESG e investimento de impacto? E onde entra a filantropia?
Entender o papel de cada tipo de capital e estratégia é crucial, seja para que o investidor tenha ideia do retorno e do impacto que pode esperar, para evitar cair em green ou social washing, ou para entender que bolso acessar para financiar cada tipo de iniciativa.
Esse diagrama do espectro de capitais dá um panorama:
Os conceitos não estão escritos em pedra e, não raro, apresentam variações de nomenclatura.
Porém, em linhas gerais, dá para dizer que no investimento tradicional, o retorno é avaliado sob uma perspectiva essencialmente financeira, tendo como variáveis principais o risco e o retorno.
No investimento responsável e no sustentável, esse retorno continua a ser avaliado a partir da perspectiva financeira. Mas nessa modalidade novas métricas são incorporadas, como a qualidade da governança, os riscos e oportunidades ambientais e os riscos e oportunidades sociais.
A abordagem ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) começa aqui, entre o responsável e o sustentável.
Já o investimento de impacto é aquele que baseia seu retorno em dois parâmetros básicos: performance financeira e impacto social e ambiental (e não mais apenas o retorno financeiro).
O conceito-chave aqui é o da intencionalidade: ou seja, o negócio ou investimento tem como objetivo encontrar solução para algum problema social ou ambiental.
Há abordagens que pretendem gerar retorno em linha com o mercado e abaixo do mercado, a depender da estratégia e do problema em questão.
Em outras palavras: o ESG leva em conta os efeitos sociais, ambientais e de governança de qualquer negócio ou setor. Já os investimentos de impacto focam em negócios cuja atividade principal gera retorno financeiro e socioambiental.
São comuns negócios de impacto nos setores de educação, saúde, inclusão financeira e preservação ambiental. Mas nem toda empresa dessas áreas pode ser considerada um negócio de impacto.
A intencionalidade se traduz também na necessidade de métricas que apresentem mais elementos de avaliação em relação à contabilidade tradicional para se monitorar o impacto a ser gerado. No mundo todo, tem se feito diversos esforços para aprofundar as formas de monitoramento das métricas de impacto.
Há ainda outro elemento relevante no espectro de capitais disponíveis: o da filantropia, o capital que entra para resolver as questões de impacto social e ambiental quando não há expectativa de retorno financeiro. São as doações.