Por Telma Delmondes
“Sabedorias tradicionais afirmam que, quando agimos a partir de profunda integridade, o universo conspira para nos apoiar.” Frederic Laloux
Está surgindo no mundo uma pressão diferente das tensões que sentíamos no século passado. Parece que existe agora uma explosão de ideias e de espaços conectados com o bem coletivo, com o bem maior e que já vem obtendo algumas vitórias em campos e mares nunca dantes navegados. É como se estivéssemos fazendo uma longa travessia… uma viagem contínua em direção a algo melhor, mesmo que esse “melhor” ainda não esteja claro para todos, mas há sinais numa perspectiva de longo alcance.
Na busca de entender o significado desse termo “pressão”, me deparei com a seguinte definição: trata-se de uma grandeza escalar, que pode ser calculada pela razão entre força e área. E o contrário de pressão é: independência, arbítrio, permissão, vontade, autonomia e emancipação.
O ponto mais instigante dessa abordagem que surgiu para mim é que se por um lado, estamos sofrendo uma pressão para mudança, por outro estamos vendo que uma nova consciência emerge com avanços extraordinários.
Estão se firmando, nesse sentido, práticas colaborativas e de governança corporativa, respeito aos stakeholders, cuidado com o planeta e programas sérios que lutam pela sustentabilidade, são mostras de que estamos mudando o curso dessa embarcação.
A Agenda 2030, com seus ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) formam um pacto que pode sustentar esse estado de consciência. Não estamos mais quietos, alienados. Acordamos. Equilibrar lucros e ganhos socioambientais, fortalecer condições de crescimento financeiro aliado ao impacto positivo para stakeholders e sociedade em geral já são mostras de desenvolvimento humano.
O diálogo como um instrumento de entendimento em muitos segmentos, já mostram uma consciência de unidade superando a dualidade e conflitos, mesmo à despeito das guerras urbanas, inimaginável neste século. Parece existir um movimento de emancipação e de autonomia como uma resposta às iniciativas que estão sendo viabilizadas na última década.
A sensação é de que estamos no ápice de uma curva que avança como uma onda senoidal que provoca um movimento circular que vai se propagando no tempo como uma “serpente cósmica” expressão usada por Ailton Krenac, uma figura que nos lembra uma liderança natural das tradições xamânicas. A consciência que o mundo nos “cobra” é a mesma que está na dupla hélice do DNA, presente em todos os seres vivos.
É perceptível que as pessoas estão menos presas às organizações. E nesse sentido, as pessoas estão se libertando de mindsets ultrapassados, de modelos de gestão esgotados e encontrando uma motivação, um entusiasmo intrínseco para usar o próprio poder e iniciar mudanças efetivas na sua vida pessoal com impactos positivos no coletivo.
Do vazio, do déficit de liderança sentido em escala global, surge a necessidade urgente de se Ressignificar a liderança, de dar um novo sentido a partir de múltiplos olhares, articulados pela ideia de que uma nova consciência está em curso. E como disse o curandeiro Navajo: “Nós somos as pessoas pelas quais estivemos esperando”.
Se a convergência tecnológica tem sido um instrumento para aumentar a competitividade empresarial, imaginem quando as mentes humanas convergirem para o mesmo propósito, de ressignificar a liderança no sentido de conectar pessoas e negócios para recuperar os valores da vida e ampliar a mentalidade de abundância para todos.
“Os limites da minha linguagem representam os limites do meu mundo”
Ludwig Wittgenstein
Telma Delmondes – Mentora de líderes e Gestores, Diretora Executiva da Gesthum-Gestão para uma cultura Humanizada, Aconselhadora Biográfica e Embaixadora e Conselheira na Filial Regional do Capitalismo Consciente no Nordeste.
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