por Solon Stapassola Stahl* para o Instituto Capitalismo Consciente Brasil
Em 2004, Raj Sisodia escreveu o livro “Empresas Humanizadas” e lançou os fundamentos do Capitalismo Consciente, que hoje está presente em mais de 20 países. Nesta obra, Sisodia fala da importância de haver um alinhamento estratégico entre todas as partes interessadas de uma empresa, chamados de stakeholders: acionistas, clientes, fornecedores, governos e sociedade, incluindo aí o meio ambiente. A ideia central visa que todos tenham lucro, em nome da sustentabilidade de todo um ecossistema econômico. Esses conceitos já têm quase 15 anos e são cada vez mais atuais, ainda mais neste contexto pós-pandêmico de retomada da economia.
As velhas fórmulas e os métodos de sempre não nos tirarão deste cenário complexo. Pelo menos não na velocidade que precisamos. É preciso pensar diferente, para termos resultados diferentes, e mais rápidos.
Mas engana-se quem pensa que para sermos mais rápidos, devemos ir sozinhos. Somos melhores juntos, ensina Shawn Achor no livro “Grande potencial”, e continua ensinando que podemos ter muito mais sucesso se juntarmos o potencial de todas pessoas, organizações e entidades da sociedade. Usando estes ensinamentos e utilizando os conceitos de Sisodia sobre Capitalismo Consciente, podemos afirmar, sem medo, que boa parte da solução é olhar para este cenário como um ecossistema onde um depende do outro e onde a colaboração será fator preponderante para a retomada mais rápida possível da atividade econômica, além de criar uma rede de proteção para os participantes do ecossistema.
Competir é saudável pois nos exige ser melhor todos os dias impulsionando a inovação. Mas coopetir pode ser mais inteligente, pois continua exigindo o nosso melhor, mas também podemos somar o melhor das outras partes que compõem o ecossistema criando uma força sinérgica. É a soma das potências individuais em prol de uma causa única: a recuperação das economias locais.
Utopia? Não. Já é praticado por inúmeras organizações de sucesso como 3M, Adobe, Amazon, Chubb, Colgate, FedEx, Google, Harley-Davidson, IBM, Soutwest Airlines, Starbucks, Walt Disney e Whole Foods, somente pra citar algumas mais famosas. As cooperativas de crédito também são um ótimo exemplo de Capitalismo Consciente, pois seus valores de colaboração, transparência e gestão compartilhada, combinados com seus princípios basilares, determinam: o cliente, o funcionário e o fornecedor são donos da cooperativa; os governos municipais são vistos como parceiros em políticas sociais; e, as comunidades são a razão de existir das cooperativas, influenciando o propósito de muitas cooperativa. Além dos atores citados, as cooperativas incluem no seu rol de stakeholders as entidades organizadas, vistas como parceiras no objetivo de melhorar a vida das comunidades. Aliás, as entidades têm papel central na organização das empresas em torno da causa comum que é recuperar nossa economia, via colaboração, cocriação e inovação.
A adoção dos princípios do Capitalismo Consciente não resolverá a crise imediatamente, mas a crise pode nos motivar a repensar nosso modelo de negócio para que possamos enfrentar a próxima crise mais fortes: juntos. E fica um recado para as lideranças: as empresas têm a oportunidade de se tornarem a influência positiva mais importante da sociedade. Vamos expandir nossa consciência?
*Solon Stapassola Stahl é Colíder na Filial Regional do Capitalismo Consciente no Rio Grande do Sul e Diretor Executivo na Sicredi Pioneira RS.
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