Qual é o papel de uma empresa? Esse tema tem gerado boas discussões e não é de hoje. Afinal, o único objetivo de uma organização é gerar lucro e retorno financeiro a seus acionistas?
A perspectiva mais funcional sobre o ambiente corporativo consolidou uma visão racional acerca do papel das empresas na sociedade, enfatizando a dimensão financeira como eixo central de sua função.
Com a evolução da sociedade, no entanto, não tardou a haver um questionamento sobre essa dimensão, partindo do pressuposto básico que toda organização, não importa sua natureza, é uma entidade social, já que habita, cria e extrai valor na própria sociedade.
Foi Peter Drucker, o maior pensador da administração moderna que, no final dos anos 90, reitera a visão da empresa como organismo vivo e não apenas uma estrutura formal expressa por um CNPJ.
Sob essa perspectiva, as organizações adquirem um papel social e assumem a missão de entregar valor à sociedade como uma de suas funções básicas. Essa concepção abandona a visão restrita de que empresas só existem para gerar lucro financeiro, negligenciando todos os seus impactos sobre o ambiente onde estão inseridas e a todos os seus stakeholders no papel de colaboradores, clientes, comunidades dentre outros.
Isso não significar negligenciar o lucro financeiro. Pelo contrário. Significa agregar a essa dimensão a mandatória necessidade de convivência pacífica e harmônica com todos os elementos do entorno de uma companhia, sem impactá-los negativamente.
É dessa perspectiva que emerge, no início dos anos 2.000, o conceito ESG. A sigla vem do inglês das palavras Environment, Social e Governance, que significam Ambiente, Social e Governança em português.
Mais do que assertiva, a agenda ESG traz uma dimensão humana para o ambiente empresarial, que está alinhada com as demandas da sociedade e da sustentabilidade do planeta.
Como não poderia ser diferente, o tema é promovido ao topo da agenda de todo líder. Não há opção de um líder negligenciar essa perspectiva no rol de suas responsabilidades principais não importando sua posição hierárquica ou área de atuação.
Para articular em profundidade esse conceito, na obra “Liderança Disruptiva”, de minha autoria com José Salibi Neto, desenvolvemos o perfil intitulado como Líder ESG que simboliza essa dimensão, enfatizando o papel desse agente no fortalecimento e preservação dessa visão em toda a companhia, organizando seus esforços e iniciativas para que estejam em sintonia com as dimensões e demandas sociais.
Indo além da agenda ESG, a sociedade é cada vez mais diligente quanto a ação de uma organização e de seus líderes. A visão da empresa cidadã é resultante do processo de transformação de uma organização para esse novo mundo.
As empresas e líderes que não entenderem essa lógica e não a executarem de forma integrada ao seu negócio, estão fadadas ao fracasso no curto prazo. Não há mais espaço para uma ação tolerante com aqueles que não rezarem por essa cartilha.
*Sandro Magaldi é autor, palestrante e cofundador do meusucesso.com