Nestes últimos anos, venho me aproximando muito dos jovens que estão cursando a graduação para falar sobre o Capitalismo Consciente. Os alunos de hoje são a próxima geração de líderes do futuro.
Tenho notado que os jovens se preocupam com a conscientização e em assumir responsabilidades com a sociedade e com o planeta.
Como Professora e Pesquisadora, sinto que a filosofia do Capitalismo Consciente corrobora para trazer à tona problemas urgentes para tentarmos uma solução colaborativa para o mundo.
Acredito que as Universidades possuem a responsabilidade de trabalhar esta temática junto aos seus alunos, no intuito de gerar comunidades e negócios do bem e de impacto positivo. Penso que a união da Quíntupla Hélice da inovação (universidade, governo,empresas, sociedade civil e meio ambiente) podem fortalecer a condução das pesquisas e dos princípios do Capitalismo Consciente na prática. Por meio da universidade as ideias podem ser geradas, conectadas ao mercado de inovação, fortalecendo e impulsionando a dimensão socioambiental dentro das empresas.
Contudo, ouvindo os universitários dentro das salas de aula, percebi que ainda há uma lacuna muito grande quanto à percepção de valor de algumas lideranças no que tange negócios mais conscientes. Relatos de alunos expõem a dificuldade de estabelecer diálogos com as lideranças, quando se sugere o repensar do capitalismo para além do lucro. Os alunos comentam que a visão de curto prazo dos líderes é um dos maiores entraves para a implantação de uma agenda ESG, por exemplo. Uma das graduandas, em uma das minhas aulas, chegou a dizer que tentou falar com a sua liderança sobre sustentabilidade, contudo seu líder não soube ouvir o que ela tinha a dizer, inclusive achou que ela estava com “pouco serviço para fazer”. Parece estranho que uma liderança não saiba ouvir seus colaboradores, pois, existem muitos casos de empresas com lideranças fabulosas que inspiram tantas pessoas. Infelizmente, a realidade é que muitos líderes realmente não estão preparados para mudar quando as coisas estão indo bem ou quando o propósito da empresa ainda é apenas gerar receita financeira.
Dessa forma, as experiências do Capitalismo Consciente em sala de aula servem como um diagnóstico para quem é professor ou pesquisador no que tange o que, de fato, acontece no mundo empresarial. É um solo fértil para o acolhimento dos alunos, a escuta atenta e a ação em prol de uma nova economia, uma sociedade mais justa e um planeta mais sustentável. Se você quiser mudar o mundo, o primeiro passo é mudar o cotidiano e o entorno no qual você vive e atua. Os alunos devem ser inspirados, na e pela Universidade, para a resolução de problemas do mundo, atuando como protagonistas na solução dos obstáculos que enfrentamos diariamente. Com certeza, as iniciativas que acontecem em sala de aula reverberam para além da Universidade e contribuem para a geração de negócios mais conscientes e sustentáveis
*Eliane Davila – Colíder da Filial Regional do Capitalismo Consciente no Rio Grande do Sul.
Confira também:
- Por que empresas ainda são negacionistas do ESG, apesar das tragédias ambientais e sociais?
- Adaptação e inovação são o caminho das empresas num mundo de transformação
- A agenda do seu candidato inclui ações ESG?