Prezados líderes,
À medida que damos os primeiros passos neste novo ano, carregamos a responsabilidade de moldar não apenas o futuro de nossas organizações, mas também o legado que deixaremos para as futuras gerações. As urgências são gritantes, e a interconexão entre consciência, sobrevivência e sucesso se tornam cada vez mais veementes.
É chegada a hora das lideranças conscientes apresentarem seus planos, criarem suas estratégias e optarem pela jornada mais sustentável possível à sua frente.
Vimos, nos últimos dois anos, um mundo se curvando diante do ESG. Centenas de empresas querendo entender como precisam e devem atuar e, infelizmente, outra porção de companhias dando as costas às necessidades mais emergenciais do planeta.
2024 é o ano de encararmos de frente o que precisa ser feito.
Temos pouco tempo para construir e entregar a agenda de impacto solicitada pela ONU. Temos menos tempo ainda para diminuir a velocidade de degradação da nossa biodiversidade, para incluirmos todos e todas e criarmos espaços mais justos no país.
Precisamos entender a fundo nossas urgências sem nos acuar frente aos problemas que vivemos. Não é possível prosperar num planeta onde há disputas mundiais que transformam territórios, cidades, negócios e destroem pessoas e relações. Não há dignidade na guerra. Não há geração de valor compartilhado em espaços onde um deseja ter mais poder que o outro.
Mas é neste espaço e neste tempo que as melhores lideranças podem surgir. É neste cenário de transição, de notória oportunidade de construção de redes e compartilhamento de informações que podemos crescer e mudar.
Empresas e negócios estão sendo convocados diariamente a apresentar seus propósitos e planos de sustentabilidade. E isso, sim, muda o mundo.
A urgência de nossa atuação é ainda mais acentuada pela crescente solicitação do mercado de capitais e dos investidores sobre a forma como conduzimos nossos negócios. Eles não apenas buscam retornos financeiros, e gestão de riscos, mas também procuram investir em organizações que incorporam valores de responsabilidade social e ambiental.
E quando os investidores olham pela lente da sustentabilidade, isso nos fortalece. As exigências de um capitalismo mais consciente do seu impacto passam pela transparência, pela ética e pela capacidade de relatar e mitigar as externalidades e os impactos de nossas operações.
Em um mundo empresarial cada vez mais interconectado, somos desafiados a construir ações cada vez mais sustentáveis e que demonstrem o senso de responsabilidade que temos conosco, com o outro e com a sociedade.
É tempo de governança, de arrumar a casa, de se orientar para o futuro. Na vida pessoal e organizacional.
Tomem como exemplo a declaração de Imposto de Renda (IR). A cada ano mais organizada, utilizando cruzamentos de dados, estabelecendo um padrão mais elevado de exigência e governança de nossos documentos pessoais, e rigor na transparência das atividades da pessoa física. O mundo empresarial caminha para o mesmo nível de transparência em sustentabilidade: a taxonomia brasileira.
No contexto do Plano de Transformação Ecológica, ela representa uma evolução significativa na transparência e responsabilidade socioambiental no setor empresarial. Essa abordagem, denominada “taxonomia verde”, responde às demandas crescentes por finanças sustentáveis, especialmente no cenário ESG.
Com publicação prevista para novembro de 2024 e implementação obrigatória em janeiro de 2026, busca mobilizar investimentos, impulsionar inovações tecnológicas e estabelecer uma base confiável de informações sobre finanças sustentáveis. Essa ferramenta permitirá às empresas demonstrar práticas sustentáveis, avançando na rota ESG e incentivando a conscientização das lideranças sobre a necessidade de relatórios anuais de impacto.
Como se percebe, o momento de focar e agir está em curso. Precisamos sentir o “está acontecendo” e nos conscientizar do poder que temos em mãos.
Aos que não se sensibilizaram ainda, haverá o momento da dor no bolso, do recurso mais caro, da exposição de marca mais dolorida. Aos que já estão conscientes, caberá o desenho do plano de ação, do aqui e agora, do primeiro passo.
Aos mais adiantados na jornada caberá espalhar o exemplo. Compartilhar experiências, investir na educação dos menores, dos fornecedores, e abrir caminho aos que se espelham neles.
O Capitalismo Consciente Brasil (CCB) segue empenhado na construção de uma rede cada vez mais fortalecida de empresários e lideranças conscientes do seu papel. Entramos agora numa etapa especial para os associados, entregando jornadas de conhecimento e capacitação. Estamos direcionados a criar espaço de acolhimento e networking aos líderes que farão a mudança; afinal, somos a casa do líder transformador.
Em meio a essas urgências, reforçamos a importância dos pilares do Capitalismo Consciente, alinhando-nos não apenas com as expectativas regulatórias, mas também com a crescente compreensão de que nosso propósito vai além do lucro financeiro e que nossas ações devem refletir não apenas a conformidade com as regulamentações, mas um compromisso profundo com a criação de valor sustentável para todos os stakeholders.
Como destacou Hugo Bethlem, chairman do CCB em suas palavras, “não é mais possível que as liderança atuais continuem focando apenas no lucro para o shareholder em detrimento aos outros stakeholders.”
Essa reflexão ressoa na necessidade urgente de repensarmos nossas atitudes e abraçarmos uma abordagem mais abrangente e sustentável.
Feliz 2024!
Daniela Garcia
CEO no Capitalismo Consciente Brasil