Vamos juntos viver esse momento de transição para sistemas alimentares sustentáveis e saudáveis?
Por *Ana Paula Vaz em 23.08
Os sistemas alimentares atuais que dependem do agronegócio tradicional intensificam o efeito estufa. Segundo relatório da FAO de 2016, no mínimo 20% da emissão de gases de efeito estufa derivam principalmente da conversão de florestas em área de pasto e agricultura. As consequências dessa lógica afetam diretamente a agricultura, impactando diretamente a queda de produtividade e causando ainda mais insegurança alimentar e trazendo efeitos gravíssimos da fome.
Além disso, os efeitos de perda econômica da agricultura atual serão enormes, passando de 26% do PIB mundial para 18% do PIB mundial. Estamos falando de um sistema alimentar que se autossabota: quanto mais cresce, mais nocivo ao meio ambiente se torna e contribui para seu próprio fim. Além disso, cria uma sindemia de desnutrição, obesidade e impactos nas mudanças climáticas.
ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável
Na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), destaca-se o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável. Ações deste ODS são importantes para a regeneração da terra e redução dos impactos dos fatores climáticos.
A segurança alimentar e melhoria da nutrição está diretamente ligada à preservação da biodiversidade através de um novo sistema sustentável de produção de alimentos e da implementação de práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter o ecossistema, que fortaleçam a capacidade de adaptação frente às mudanças climáticas e condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo.
Nesse contexto, o desenvolvimento da consciência dos consumidores e amantes dos alimentos, as informações de origem, métodos de produção, local de compras de alimentos e culinária saudável se tornam essencial no momento da escolha e na decisão de compra. Todos os participantes da cadeia de alimentos se tornam responsáveis pela sustentabilidade do setor, envolvendo não apenas consumidores, mas também produtores, redes varejistas, distribuidores, restaurantes que, juntos, farão escolhas cada vez mais sustentáveis.
Para esse novo círculo, a proposta é o novo sistema alimentar, onde a agricultura seja remodelada através de estudos técnicos onde pequenos e médios produtores assegurem a multicultura e a regeneração da terra e do solo. Com o avanço dessa proposta, é possível atingir o desmatamento zero em poucos anos.
Um tema diretamente relacionado a tudo isso é o desperdício. Hoje, segundo o relatório anual da ONU (Organização das Nações Unidas), uma pessoa descarta em média 121Kg de alimentos por ano. Esse descarte de alimentos é responsável por 8-10% da emissão de gases de efeito estufa
Movimentos como a educação para desenvolver hortas urbanas, preservar florestas e torná-las agroflorestas, agricultura orgânica, gerenciamento de pestes integrado, agricultura de conservação, manejo sustentável do solo, agroecologia, práticas de diversificação de aquicultura e produção consciente de alimentos são algumas ações em andamento para que as novas tecnologias sejam descobertas e assim o novo sistema alimentar seja implementado, atingindo as metas propostas pelo ODS 2.
Abrigamos a maior biodiversidade do planeta Terra, com 20% do número total de espécies, segundo Ministério do Meio ambiente.
Além disso, muitas dessas espécies são endêmicas e de importância mundial para alimentação e para economia como castanha do Brasil, mandioca, abacaxi, amendoim, caju e a carnaúba que são originárias do Brasil. Por isso, para nós, o tema se torna ainda mais urgente e de maior responsabilidade. O descompromisso com a agenda 2030 pode ser muito danoso ao longo das próximas décadas.
Bioma Amazônia
Hoje, a Amazônia é o maior bioma do Brasil, com mais de 30.000 espécies diferentes, das 100.000 da América do Sul. Nesse contexto de riqueza natural, não poderia deixar de citar ingredientes únicos da gastronomia amazônica, onde brotam ingredientes riquíssimos que agregam valor à gastronomia brasileira.
A diversidade de alimentos locais disponíveis na vegetação nativa ou produzido nas roças tem saído das cozinhas do sertão para os mais especializados restaurantes para compor cardápios com sabores e texturas inovadores. Além de saborosos, são muito sustentáveis e nutritivos.
Na região amazônica, muitas inovações em produtos das agroindústrias estão nascendo ou estão em estudo para transformar nossa alimentação nos próximos anos.
Dentre os peixes amazônicos mais usados, encontra-se tambaqui, tucunaré e piraíba, dentre outros. Dentre as frutas, temos: açaí, bacuri, cupuaçu, pupunha, tucumã e buriti. Outros ingredientes, como farinhas e pimentas, fazem todo o diferencial nas preparações, criando as mais diversas experiências que compõe a riqueza da culinária amazônica.
Vamos juntos viver esse momento de transição para Sistemas Alimentares Sustentáveis e Saudáveis? Qual ação você pode fazer hoje? Que tal comprar de produtores locais?
*Ana Paula Vaz – Embaixadora Certificada do Inst. Capitalismo Consciente BrasilMãe, Mulher, Criadora de pontes entre pessoas, empresas, produtos e experiências no sistema alimentar, com visão de futuro de forma sustentável. Engenheira de Alimentos, com especialização em Marketing e Gestão Estratégica de Pessoas. Gerente de Marketing Bidfood Brasil, e Mentora do Movimento Todos a Uma Só Voz.