Mudanças climáticas são tema de encontro no Diário do Comércio

A edição do Café Consciente “Aliança Sustentável: Unindo Forças para a Emergência Climática”, organizado pela filial do Capitalismo Consciente em Minas Gerais, em parceria com o Diário do Comércio, reuniu representantes da iniciativa privada, governo e academia para discutir e apresentar planos efetivos para o enfrentamento e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas sobre os negócios e as pessoas, principalmente as mais vulneráveis. O evento aconteceu nesta quarta-feira (19), no Hub Criativo Vão – espaço localizado no edifício-sede do Diário do Comércio -, no bairro Nova Esperança (região Noroeste de Belo Horizonte).

Inspirado no mês do Dia Mundial do Meio Ambiente e, tendo como ponto de reflexão, o extremo climático no Rio Grande do Sul, o encontro teve dois eixos: resiliência das cidades e descarbonização das empresas.

Segundo a presidente e diretora editorial do Diário do Comércio, Adriana Muls, o Café Consciente é uma oportunidade para uma expansão de consciência para que a sociedade seja capaz de fazer as mudanças necessárias.

“Só conseguimos mudar o mundo através da expansão de consciência de cada um. O propósito do Diário do Comércio é contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de Minas sob a ótica do bem comum. Acreditamos que é preciso repensar as formas de fazer negócio e os impactos de cada ação sobre o mundo. Devemos ser vigilantes com as nossas ações. É preciso doação de conhecimento técnico para superarmos os desafios que temos”, afirmou Adriana Muls.

O Café Consciente está diretamente ligado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13: “Ação contra a mudança global do clima – adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos”.

Segundo a economista e líder do Capitalismo Consciente em Belo Horizonte, Denise Baumgratz, o debate abre uma série de eventos locais e nacionais sobre o tema. Ela defende que só a consciência individual é capaz de mobilizar o coletivo e destaca o sofrimento causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul e cita as agendas do Capitalismo Consciente: “Belo Horizonte realiza esse primeiro encontro, a matriz vai fazer outros três eventos on-line e a Capital deve voltar com outra edição no fim de julho ou início de agosto”.

“Fazemos essa discussão no contexto do ODS 13 destacando três metas: resiliência e capacidade adaptativa; parcerias e ação governamental e educação e conscientização. Quem vai conectar os propósitos é a liderança, criando uma cultura de amor e cuidado com todos que estão ao redor do negócio, reconhecendo as necessidades das pessoas e do meio ambiente”, complementou Denise Baumgratz. 

Foto: Ana Carolina Dias / Diario do Comercio

Adaptação às mudanças climáticas exige ações urgentes

Doutora em Geografia e consultora PNUD em Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, Grazi Carvalho, chamou atenção para a ausência no Brasil de uma cultura de planejamento capaz de criar cidades inteligentes, que devem se basear em quatro pilares: 

  • Cidade Humana: todo projeto tem que melhorar a qualidade de vida do cidadão;
  • Cidade Eficiente: infraestrutura física e digital. Todo projeto tem que seguir os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência;
  • Cidade Sustentável: harmonizando economia, inclusão social e meio ambiente;
  • Cidade Inteligente: formação de lideranças que consigam responder às perguntas de como tudo isso vai funcionar.

“Até 2030, 91,3% dos brasileiros viverão em áreas urbanas. Ao mesmo tempo, somos um País de cidades pequenas em que 94% delas têm menos de 100 mil habitantes. Precisamos preparar essas cidades para receberem um fluxo de pessoas crescente, especialmente a partir do advento do home office. Precisamos de projetos de impacto que acelerem as cidades inteligentes no Brasil. E também devemos entender que cidades inteligentes não são aquelas que usam tecnologia, mas as que melhoram a vida dos seus cidadãos”, ressaltou. 

Para o membro do SDSN/ONU e CEET/ONU, Renato Ciminelli, o evento trouxe uma perspectiva de ações práticas e a criação de uma governança climática que parta da sociedade e convide o governo a participar, mas que não dependa dele.

“Temos que sair da teoria e partir para a ação. Tivemos nesse encontro casos dos setores público e privado. Foi um debate muito rico, com a presença âncora do Movimento Minas 2032 (MM2032). Evento de muito aprendizado para resolver um problema contemporâneo que ninguém tem todos os recursos e conhecimentos para resolver. Outro ponto importante é como criar um sistema de governança que parta da sociedade. O governo não dá conta de resolver todos os problemas e a sociedade civil precisa tomar essa responsabilidade para si”, defendeu.

O Café Consciente está dentro das atividades do Movimento Minas 2032 (MM2032) – pela transformação global. Liderado pelo Diário do Comércio, o MM2032 propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos ODS, preconizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2015.

Foto: Ana Carolina Dias / Diário do Comércio

Brasil desenvolve soluções para adaptação às mudanças climáticas

Conforme o Especialista Ambiental e de Sustentabilidade na RHI Magnesita, Thalis Silva, a matriz energética brasileira, baseada em energias renováveis, é um grande ativo para o País e ajuda a transnacional de refratários a alcançar suas metas de sustentabilidade e descarbonização da produção. 

“Há alguns anos começamos a discutir os caminhos para a descarbonização. Nossa meta é sermos carbono neutro até 2050. Estamos trocando os combustíveis fósseis por renováveis, utilizando reciclados para diminuir a extração de matéria-prima, focando em eficiência energética, entre outras ações. Nossos clientes demandam cada vez mais produtos com menor pegada de carbono. O Brasil tem uma vantagem competitiva com a sua matriz energética muito mais renovável e limpa do que a maioria dos países. Já temos linhas de produtos de baixo carbono. Esse portfólio vai ser cada vez mais ambicioso”, explica.

Gestora de projetos ESG e cocriadora da Virada Climática de Belo Horizonte, Júlia Espeschit, pondera a respeito do desconhecimento da população sobre as políticas públicas para as mudanças climáticas e a necessidade de participação na construção e implementação dos planos de ação.

“A Virada Climática é uma articulação com a sociedade civil. Em 2024, foram 3 mil pessoas no Parque Municipal. Precisamos desenvolver e fortalecer uma governança climática, um espaço para podermos pensar, planejar, executar, monitorar e avaliar as questões relativas ao clima. Belo Horizonte é vista como um lugar que tem preparação e que dá visibilidade às questões do clima, mas ainda assim, poucas pessoas sabem que temos um Comitê de Mudanças Climáticas, desde 2005, ou um Plano de Redução de Emissões, por exemplo. Precisamos nos aproximar da execução das políticas públicas para o clima”, completou Júlia Espeschit.

Autora: Daniela Maciel.

Este artigo foi originalmente publicado no Diário do Comércio. Clique AQUI para conferir o artigo original.

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