Rumo a um modelo de gestão empresarial consciente

O Capitalismo Consciente propõe como premissa central priorizar o propósito coletivo acima do lucro individual, trilhando um caminho inspirado no sentido da vida coletiva das sociedades. Esse modelo se torna viável ao se promover uma nova cultura de líderes conscientes, comprometidos com práticas que sustentem ecossistemas de forma sustentável.

Mas, o que é necessário para a construção de uma cultura cidadã de líderes conscientes?

Basta trabalhar apenas os aspectos endógenos das empresas, promovendo um ambiente mais “humanizado” que atenda essas nuances de cunho atitudinal? Ou é imperativo aprofundar a mudança, partindo do momento de entender que o essencial é desenvolver um novo modelo de gestão empresarial consciente?

Será necessário tratar e compreender as causas profundas do atual modelo piramidal de organização empresarial, para então transitar para um modelo que promova uma governança mais horizontal, especialmente no que tange à participação nas decisões. É preciso transformar “colaboradores” em “parceiros coautores“, que assumam responsabilidades compartilhadas, não apenas nas operações, mas também nas decisões estratégicas.

Propõe-se um propósito associativo inspirado na consciência e na confiança, alicerçado em uma nova cultura empresarial de parcerias mútuas que gerem prosperidade para todo o ecossistema, tanto cultural quanto natural. Dessa forma, o foco estará na criação de cenários formativos para o desenvolvimento de novas lideranças empresariais, orientadas por uma prática consciente da sustentabilidade.

O desafio, portanto, é promover uma mudança cultural profunda, que vá além de meras alterações superficiais e se concentre em novos modelos de gestão empresarial, com foco na responsabilidade ética de uma economia consciente, comprometida com o território e a sociedade em que atua.

Discutir uma mudança profunda rumo à prática da sustentabilidade implica compreender três momentos estratégicos de atuação:

  • A mudança de atitude: reconhecer a necessidade de mudança, mesmo sem saber exatamente como proceder.
  • A mudança de conceitos: aprender sobre economia consciente e novas formas de gestão empresarial.
  • Mudança de destrezas: desenvolver a capacidade de implementar práticas conscientes, inspiradas no bem coletivo e na vida.

Assim sendo, a prática consciente da sustentabilidade pode ser estruturada em cinco campos de atuação que empresas ou sociedades devem considerar, dependendo de cada realidade ou problemática:

  • Regeneração: implementação de mudanças baseadas em padrões existentes que podem ser articulados aos novos modelos.
  • Conservação: manutenção de práticas vinculadas com uma cultura consciente já existentes, aproveitando-as como base para o novo cenário.
  • Inovação e Criatividade: desenvolvimento de novos modelos que aprofundem a transição para uma cultura econômica e empresarial consciente. 
  • Recuperação: resgate de práticas conscientes que foram perdidas, mas que podem ser restauradas como parte da nova cultura. 
  • Monitoramento: processo contínuo e permanente de resiliência, que permite acompanhar e responder a qualquer perturbação da realidade. 

Concluindo, a nova cultura proposta pelo Capitalismo Consciente pode se tornar uma referência para a construção de um novo modelo econômico mundial de perspectiva? Essa cultura deve ir além dos negócios conscientes, abrangendo a sociedade como um todo em uma evolução coletiva? 

São questões que se tornam os novos desafios para a construção de uma sociedade inspirada na ética da reciprocidade e no bem-estar coletivo.


Autor

Me. Arq. Urb. Daniel Caporale, diretor da SG Cultura Cidadã Consciente e conselheiro do Capitalismo Consciente – Filial RS

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