Capitalismo consciente é inserido na graduação da FDC

O tema capitalismo consciente tornou-se disciplina obrigatória no curso de graduação em administração de empresas da Fundação Dom Cabral (FDC), desde agosto. A iniciativa é fruto de uma parceria da escola com o movimento Capitalismo Consciente Brasil (CCB). “Esta é a primeira vez que o capitalismo consciente se torna disciplina formal em uma graduação no Brasil”, conta Hugo Bethlem, presidente do conselho do Capitalismo Consciente Brasil.

Antes disso, o tema vinha sendo abordado como matéria optativa no Ibmec SP e em cursos de extensão, MBAs e programas de educação executiva. “Tanto no Brasil quanto no exterior, mas não de forma estruturada e dedicada dentro de uma grade curricular de graduação”, detalha. “Essa iniciativa representa um marco, pois insere no ambiente acadêmico, desde a formação inicial dos futuros profissionais, conceitos que tradicionalmente eram discutidos apenas em estágios mais avançados da carreira.” 

Marina Portela, diretora acadêmica da Fundação Dom Cabral, diz que a disciplina é ofertada no 4° período do curso de administração, em inglês. “Alunos estrangeiros das escolas parceiras também cursam, na mesma sala que os alunos da nossa graduação.”

A inclusão da disciplina, diz Portela, se dá porque a escola acredita que formar administradores vai além do domínio técnico. “É preciso desenvolver profissionais capazes de aliar resultado econômico a propósito, ética e sustentabilidade”, afirma. “A disciplina reflete os valores e a missão da FDC, incentivando os alunos a pensar criticamente sobre o papel das empresas e a importância de uma gestão consciente, responsável e voltada para impacto positivo na sociedade.” 

“É preciso desenvolver profissionais capazes de aliar resultado econômico a propósito”

Marina Portela

A disciplina permite aos estudantes conhecerem os princípios e fundamentos de uma gestão humanizada, ética e sustentável, alinhada aos desafios globais e às práticas de ESG das organizações. Para isso, foi estruturada com base nos quatro pilares do movimento – propósito maior, orientação para stakeholders, cultura consciente e liderança consciente. 

Ao longo do semestre, o programa contará com a participação do CCB em diferentes frentes: uma masterclass conduzida por Bethlem; visitas técnicas a empresas que integram o ecossistema de negócios conscientes; a realização de uma sessão do jogo do capitalismo consciente; além de conteúdos e materiais complementares. 

Para Bethlem, o movimento está alinhado com o público majoritário da graduação. “Os jovens das gerações Z e alpha já não acreditam mais no capitalismo que trouxe o impacto negativo no meio ambiente até aqui. Bem como não acreditam mais na máxima de Milton Friedman ‘a única responsabilidade social da empresa é maximizar o lucro para o acionista'”, afirma. “Os jovens acreditam e enxergam urgência em um capitalismo para todos os stakeholders, que cuide e sirva as pessoas e proteja o meio ambiente, com uma pauta de governança ética e transparente.” 

Levar esse conteúdo aos alunos de graduação, continua Bethlem, é fundamental para formar uma nova geração de líderes mais preparados para os desafios do século 21 – como sustentabilidade, diversidade, ética, inovação e governança.

“O impacto esperado é amplo: queremos que esses jovens internalizem, desde cedo, que negócios não existem apenas para gerar lucro, mas para criar valor para a sociedade como um todo”, conclui.


Matéria originalmente publicada no veículo Valor Econômico.

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