A tripla dimensão da crise que se abate sobre o país já demonstrou em seus primeiros meses as consequências desastrosas para o destino de todos nós. A crise sanitária impõe um duro golpe à nossa saúde pública, testando todas as linhas de resistência e recorre à mais profunda solidariedade e competência científica para que o caos não se estabeleça. A crise econômica, intensamente agravada pela desigualdade social, expõe com crueldade a fragilidade de nosso tecido social e a incapacidade que as camadas mais pobres têm de se proteger da contaminação, expondo também a queda generalizada da atividade econômica. A crise política, sobretudo a de lideranças, produz insegurança, revolta, desconfiança e profundo temor quanto ao futuro.
O Brasil é uma das maiores economias do mundo, é diverso e pleno de recursos. Tampouco desprezível é a nossa atividade empresarial, a pujança da nossa produção, a modernidade de nossos mercados, a estrutura de nosso sistema financeiro. E, ainda, nossa capacidade de produzir alimentos, nossa autossuficiência energética, a contemporaneidade de nossas dinâmicas urbanas, cada vez mais globais. Por isso, somos responsáveis por encontrar respostas aos sucessivos desafios para a construção de um país próspero, com equidade e sustentável.
Alguns elementos essenciais estão sendo ensinados no cotidiano desta crise: somos interdependentes, precisamos do melhor de nós, temos a capacidade de nos superarmos e nossas divergências devem constituir-se como conflitos menores frente ao desafio sem precedentes que nos põe à provação. O que, aliás, vem sendo reiterado em muitas iniciativas exemplares.
Nós, empresários, empresárias, executivos e executivas do mundo corporativo, respondendo ao convite do Instituto Ethos, do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, Plataforma Liderança com Valores, Sistema B e GIFE, firmamos este manifesto, porque sabemos que enfrentamos o maior desafio de nossa geração e que precisamos unir nossa capacidade de diálogo, nossos esforços, nossa competência, nossos recursos, nossa solidariedade para sairmos da tripla crise em que nos encontramos.
Nosso compromisso é com uma democracia, uma sociedade, uma livre economia e um projeto de país que reduza as desigualdades, erradique a pobreza e preserve o meio ambiente; um país em que possamos nos reconhecer e nos unir como nação.
Não queremos mais perder tempo em debates improdutivos, em polarizações destruidoras, tampouco aceitamos qualquer ataque à democracia, à Constituição Federal e ao Estado Democrático de Direito.
O governo federal, os governos estaduais e municipais devem abandonar as disputas estéreis e implementar, urgentemente, ações conjuntas seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da ciência, que têm orientado todos os países no enfrentamento da pandemia.
Queremos sim, com nossas mãos e esforços, colaborar para que o Brasil encontre o caminho do desenvolvimento sustentável.
Conclamamos, portanto, que as lideranças empresariais deste país se ergam acima das divergências que nos separam e ajudem de forma integral e presente na construção de um projeto para um Brasil justo, sustentável, próspero, democrático, altivo e generoso.
Não haverá recuperação da economia se não atuarmos de forma correta para salvar vidas e solucionar a crise sanitária. A possibilidade de uma sociedade saudável passa, necessariamente, pela solidariedade, colaboração, liderança, generosidade, determinação e persistência daqueles que fazem a diferença neste momento.
Declaramos aqui nosso total apoio:
- Às medidas sanitárias de preservação à vida, recomendadas pela ciência e pela Organização Mundial da Saúde (OMS);
- Ao auxílio emergencial às pessoas e famílias mais vulneráveis;
- Ao acesso efetivo ao crédito bancário para Micro e Pequenas Empresas (MPEs), que representam 97% dos CNPJs do Brasil, com faturamento anual inferior a R$ 2 milhões e responsáveis por mais de 50% de todos os empregos formais no país;
- Ao diálogo aberto e colaborativo entre as três esferas do Poder Executivo, à representatividade soberana do Congresso Nacional, ao Judiciário independente e à imprensa livre.
A saída da crise passa, necessariamente, por uma construção coletiva que busca consensos dentro das balizas da legalidade e do respeito.
É hora de firmar compromisso com todos, abrindo diálogos para um novo pacto social que expresse a vontade do povo brasileiro a favor da vida, pelo fim das desigualdades, pelo respeito à natureza e ao meio ambiente e pela paz.