por Dani Garcia*
Maternidade(*) é o maior desafio que um ser humano pode ter. Se aventurar a criar um outro ser humano é uma prova para os fortes.
Homens e mulheres que se dispõe a literalmente abrir um pedaço de suas vidas, de seus sonhos para trilhar uma jornada de dedicação, crescimento e aprendizado merecem uma atenção especial.
Não é todo mundo que deseja, nem que gosta, nem que usufrui. Aliás a combinação dessas três coisas é escolha de vida. E tudo bem.
Já houve tempo que não desejar a maternidade era feio. Nunca entendi assim, sempre acolhi quem não tinha essa vontade, ou quem se dizia pouco habilitado. Mas eu sempre quis.
Desejei ferozmente ser mãe, e uma mãe jovem, determinada a ter minha ninhada até os 30. Consegui minha dupla de amores: Eduardo e Georgia aos 31.
Quem me conhece sabe que minha maternagem alcança outros limites para além da minha casa… eu sou maternal na essência, prefiro sempre dar carinho, ensinar, fazer bolo de presente, mimar e de vez em quando pôr na linha. Faço o tipo “mãe prática”, que ensina a guardar brinquedo e comer brócolis, sabe como é? Entendi cedo que a função de “criar pro mundo” é regra para quem segue comigo.
Sou boa com os que iniciam… já passaram por mim, em mais de 30 anos de atividades, dezenas de estagiários, jovens aprendizes, universitários no seu primeiro emprego a quem acolhi, ensinei, ajudei a pôr ordem na vida e larguei pro mundo… Falo com muitos deles ate hoje e vibro com suas vitorias.
No entanto, eu confesso que não seria essa grande mãe se não tivessem estado comigo minhas mães de apoio. Sem essa rede de solidariedade formada por mulheres maravilhosas que estiveram na minha vida, eu não teria sido a melhor mãe para o Edu e a Ge, nem essa líder que meus jovens iniciantes seguiram.
Minha homenagem é para elas. Mulheres incríveis, mulheres invisíveis, mulheres fortes que me sustentaram, apoiaram, abraçaram e se fizeram presentes em cada um dos dias da minha vida. Mulheres que como eu tinham seus filhos, mas estavam junto comigo. Fortalezas lindas cheias de dedicação e sensibilidade.
Tita, minha mãe, vem primeiro. Contei com ela desde o primeiro segundo, inclusive para me convencer que o bebe não ia quebrar no primeiro banho. Não acreditei, foi ela quem deu. Depois peguei o jeito.
Depois vieram Antonia e Jô, guerreiras, presentes todos os dias. Sem elas eu não poderia ter voltado a trabalhar… Como não falar de Silvana, a babá da escola que se empenhou em tirar as fraldas dos nossos filhos, enquanto a gente nem pensava que essa tarefa fosse possível.
Fernanda, minha amiga linda, exemplo de paciência e cuidado que acompanhou dezenas de lições de casa por aqui enquanto eu terminava campanhas publicitárias.
Eu poderia incluir o nome de mais uma dezena de mulheres que me ajudam a viver a minha maternidade. Sem elas eu não teria conseguido.
Quando me perguntaram o que a maternidade me ensinou, respondi que ela me fez entender que, na vida, somos grupo, conjunto e sistema que anda e funciona junto.
Me ensinou que generosidade se mostra nas pequenas ações do dia, que solidariedade pode ser dividir o pacote de fralda com a vizinha, mas pode ser alguém pegar seu bebê no colo só para você cochilar meia hora.
A maternidade me ensinou que dividir é realmente multiplicar. Amor, amizade e especialmente vitórias.
(*) apesar do termo maternidade ser usado para explicar a qualidade de ser mãe, e que pressupõe o ato de parir e cuidar do filho, estendo o uso neste texto a todos os homens que se dispõem, da mesma forma, a cuidar e criar seus filhos, com as mesmas qualidades e habilidades que as mulheres, mesmo que não os tenham parido.
*Dani Garcia é Jornalista de formação e publicitária por experiência. 30 anos de atuação profissional. Mãe do Eduardo, 27 e Geórgia, 20. É, ainda, Diretora de Operações e Associações do ICCB – Instituto Capitalismo Consciente Brasil.