Para a representante da Development Impact Managers and Advisors e Eduardo Mufarej, fundador do RenovaBR e GK Ventures, investimento social e privado importa para transformar o sistema mercadológico
Crescido dentro de um contexto empresarial, Rodrigo Pipponzi, co-fundador e diretor executivo da editora MOL, mediou dia 21 de Outubro de 2021, no II Fórum Brasileiro do Capitalismo Consciente o painel “Investimento social privado e corporativo”, com a participação de Eduardo Mufarej, fundador do RenovaBR e GK Ventures, e Luana Ozemela, CEO da Development Impact Managers and Advisors.
“O investimento social e privado passaram a ser agenda de desdobramento das empresas”, disse Pipponzi. Citando também o sistema B, ele trouxe em pauta a importância do fortalecimento das diretrizes ESG e também do terceiro setor para combater os problemas no Brasil.
Falar de investimentos é, também refletir sobre condições e pensar na desigualdade social é imprescindível para que o acesso não seja limitado para ninguém. Olhar como um todo e pensar que isso não vem só dos representantes empresariais, mas também de políticos que não vem representando a população. “A sociedade evolui quando a política evolui”, afirma Mufarej. “São muitas pessoas novas querendo participar do processo político para mudar o sistema.”
Para o fundador da RenovaBR, o Brasil pode ser um hub de soluções, por ser um país que não só vive os problemas, mas busca resolvê-los com sua inteligência e recursos disponíveis. Parte desses recursos envolvem investidores, empreendedores e catalisadores de inovação. Não é só um retorno para o problema, mas para a sociedade, a partir de uma missão de transformação. “O Brasil pode ser um grande protagonista”, afirma.
“É possível uma sociedade capitalista sem discriminalidade racial? É possível sim” afirmou Luana que desde criança participa de movimentos negros e busca defender causas raciais principalmente dentro da economia global. “Me dei conta de que precisava me empoderar economicamente para depois empoderar os outros. Estive em grupos de mulheres que não tinham dinheiro para financiar projetos, e eu disse, ‘quero eu mesma financiar esses projetos’ ” conta.
Com papel de extrema importância, as empresas vêm atuando no engajamento social há algum tempo e com a pandemia o movimento solidário teve um aumento, principalmente para ajudar os pequenos empreendedores, porém, a desigualdade ainda prevalece, contou Mufarej. “O Brasil tem uma regra regulatória que para disputar determinadas funções no mercado de trabalho você tem que ter um diploma de ensino superior. Essa é uma regra que impõe limitações para muitas pessoas, principalmente no sistema brasileiro. O primeiro conceito que as companhias deveriam procurar em uma pessoa é o fit de uma que seja acessível para a população. O primeiro emprego é determinante para o seu caminho de vida, então a responsabilidade das empresas é a inclusão”, afirmou o fundador se referindo à desigualdade social em paralelo à desigualdade racial.
Segundo Luana, o mais perverso é o fluxo de desigualdades, “são as desigualdades que o mercado reproduz, é uma desigualdade que reproduz desincentivos”. Para ela, é papel das empresas privadas parar com esse ciclo e até mesmo do Poder Público. ”As desigualdades é o problema que as empresas deveriam estar focando no Brasil”, reforça. Igualdade, inclusão social e a forma em que é feito o processo para manter o colaborador influência e deve ser incorporado dentro do tema diversidade. “A diversidade ficou perdida dentro do ESG, a gente precisa pensar na diversidade em todas as letras” concluiu Ozemela.
As empresas precisam criar um conhecimento coletivo sobre as práticas que funcionam. Desta forma, podem investir na adoção de modelos efetivos e contribuir com programas que, de fato, funcionam. Um exemplo disso é a própria educação, “Qual é o modelo que funciona?”, perguntou Luana. Mufarej complementou falando sobre a reflexão do sistema de interesses, “não tem ninguém melhor do que a filantropia para suprir esse papel”, complementou finalizando sobre o mercado de trabalho hoje.