“As inovações mais incríveis do século XXI não surgirão por causa da tecnologia, mas pela expansão do conceito de ser humano” John Naisbitt
Esta afirmação faz sentido para você? Acompanhe as reflexões dos próximos parágrafos e tire as suas próprias conclusões.
Vivemos um importante período de transição que nos convida a repensar todo o sistema que, até então, nos guiou como sociedade. Vamos analisar alguns dados:
- Cerca de 65% das crianças, hoje no ensino fundamental, exercerão uma função que ainda não existe. (Fonte: Fórum Econômico Mundial 2017);
- A cada dois dias geramos um volume de dados equivalente ao que criamos do início da civilização até 2003 (Fonte: Eric Schmidt, ex CEO do Google);
- Pela primeira vez, mais 50% das competências relacionadas ao futuro do trabalho não são técnicas e sim emocionais/comportamentais. (Fonte: Fórum Econômico Mundial 2020).
Inovação no Brasil
Olhemos para o Índice Global de Inovação 2021 (14ª edição), que é uma pesquisa feita pela World Intellectual Property Organization, onde são avaliados 81 indicadores em 132 países. Nesta última edição, o Brasil ficou na 57ª posição. Ganhamos cinco posições se comparado com o ano anterior e o 1º lugar no ranking segue sendo da Suíça há 11 anos.
A análise mostra todos os anos quais são as forças e as fraquezas de cada país. Fiz um compilado da performance do Brasil nos últimos 4 anos e percebi que as nossas principais forças estão vinculadas a investimentos, principalmente, privados em inovação. Já as fraquezas relacionam-se à formação do capital humano e eficiência, ou seja, investimos em tecnologias/infraestruturas (não em pessoas) e, com isso, não colhemos resultados. Incrivelmente, o oposto é válido quando olhamos para o 1º lugar invicto no ranking há 11 anos.
O que há de errado aqui? Estamos na infância quando o assunto é inovação disruptiva porque trabalhamos as consequências e não as causas do que efetivamente é eficiente em termos de inovação. Tecnologia não inova, pessoas inovam. Organizações não mudam, pessoas mudam.
Por isso, na minha visão, John Naisbitt foi feliz em sua colocação e espero ter conseguido te trazer esta reflexão também. Então, como nos expandimos como seres humanos para, então, inovarmos? Encontrando sentido no que fazemos.
Propósito facilita a inovação?
A busca por propósito é complexa, não podemos romantizar, mas é o que trará sentido às nossas vidas, além de mais felicidade, mais saúde, melhor desempenho no trabalho. Clayton Christensen, criador e disseminador do conceito de inovação disruptiva afirma que o propósito deve ser um importante direcionador estratégico em nossas vidas, pois quanto mais claro for o nosso propósito, maior é o nosso nível de felicidade pessoal e só assim conseguimos gerar o valor e o impacto que desejamos no mundo.
Quando temos clareza de propósito, sabemos o que queremos e também o que não queremos. Isso nos ajuda a evitar desperdício de tempo, dinheiro e energia. Para dar uma dica de como aumentar o senso de propósito, trago uma frase do documentário “Quem se importa”, dirigido por Mara Mourão, que me marcou muito: “Não perguntes a ti próprio o que é que o mundo precisa, pergunta o que é que faz te sentir vivo e faz isso, porque o que o mundo precisa é de pessoas que se sintam vivas”.
Empresas mais inovadoras
E as organizações? Um estudo da Deloitte, publicado em 2019 chamado de Consumer Pulsing Survey, mostrou que empresas com forte senso de propósito são 30% mais inovadoras. A grande verdade é que empresas que não entenderem que a busca por propósito é o que rege hoje na era pós revolução industrial perderão relevância e consequentemente clientes e colaboradores.
Propósito é uma jornada de constante aprendizado tanto para pessoas quanto para empresas e, para se ter clareza de que o caminho está certo, é importante trazer o propósito para o centro, tornando-o um importante direcionador onde nenhuma decisão é tomada sem olhar se há alinhamento com ele. No final do dia, procura-se a nova mente que impactará o futuro, não a nova tecnologia. No meio desse mundo tecnológico e digital ainda somos a peça-chave.
Evelin Bicca
Consultora, Professora e Mentora de Inovação Corporativa. Administradora com ênfase em Gestão para Inovação e Liderança, Especialista em Design Estratégico e, com orgulho, fiz parte da 1ª turma de Certificação Avançada em Capitalismo Consciente realizada pelo ICCB. Trabalhar a inovação é o meu propósito de vida, entrei nesse meio completamente por acaso em 2009 e acabei me apaixonando. Por isso, a minha atuação nessa mais de um década, tem sido implementar projetos de inovação dentro de corporações, onde já tive a oportunidade de passar por diferentes atores como multinacional, núcleo de Inovação de universidade, onde atuei em projetos internacionais, média empresa e parque tecnológico. Há 4 anos decidi sair do dia-a-dia corporativo e empreender, tenho a minha própria consultoria que atua implementando projetos de inovação de forma prática, descomplicada e consciente tanto em empresas tradicionais quanto em startups.