O ano é 2040: A temperatura está 1,5°C acima do nível pré-industrial. Muito foi feito, mas não foi suficiente. De volta a maio de 2022: novo relatório da Organização Meteorológica Mundial aponta que esse pico já será registrado em pelo menos um ano até 2026. O vislumbre do futuro nos mostra, portanto, que é preciso fazer mais e o tempo é agora. O senso de urgência nos pede prioridade e rapidez. Ainda que imersos em tantas demandas de um mundo cada vez mais complexo, precisamos de discernimento para acelerar nossas ações. Mas como? Começando pela autoconsciência.
A autoconsciência é uma alavanca capaz de destravar várias outras e, por isso, deve ser priorizada. O desenvolvimento individual é pré-requisito para o desenvolvimento coletivo. Portanto, para um esforço global, precisamos de pessoas conscientes em posições de liderança. A sustentabilidade depende de líderes atuando em prol de algo maior, que nos conecte de forma mais profunda e atemporal e, assim, ultrapasse as diferenças superficiais que nos separam. É aí que entram também as organizações.
As pessoas anseiam por esse novo posicionamento das empresas. Segundo o estudo Edelman Trust Barometer 2022, os brasileiros querem que elas se engajem mais em questões da sociedade, tais como desigualdade econômica, mudanças climáticas, requalificação profissional, informação de credibilidade e injustiças sistêmicas. As empresas são vistas como agentes confiáveis de mudanças, o que não significa assumir um papel político, mas um papel responsável, de empresa-cidadã.
Há vários caminhos para a elevação da responsabilidade organizacional e o Capitalismo Consciente é um deles. Dar uma contribuição ao mundo através de um propósito maior, liderar com consciência e valorizar o ser humano, construir uma cultura organizacional baseada em relações de confiança e gerar valor para todos os stakeholders são pilares desse movimento global que busca transformar o jeito de se fazer negócios e investimentos.
A iniciativa chegou ao Brasil em 2013, quando um grupo de empresários fundou, em São Paulo, o Instituto Capitalismo Consciente Brasil – ICCB. Com o objetivo de inspirar lideranças, compartilhar conhecimento e educar, o ecossistema do ICCB foi se expandindo nacionalmente, mas era preciso chegar mais fundo nas regiões. Assim nasceu sua primeira filial em 2020, em Belo Horizonte. Depois, vieram mais dez. Hoje são onze filiais trabalhando para inspirar negócios locais mais conscientes, sustentáveis e inovadores.
A jornada evolutiva de consciência organizacional é também uma jornada de prosperidade. Segundo a Pesquisa Melhores para o Brasil 2022, na comparação com a média do mercado, as organizações alinhadas com os pilares do Capitalismo Consciente apresentam melhor performance ESG (1,8x superior), maior capacidade de inovação (1,9x) maior bem-estar dos colaboradores (2,2x), melhor performance financeira no médio e longo prazos (4,5x), entre outros indicadores. Isto porque um nível elevado de consciência enxerga e alavanca interdependências. Juntas, as partes geram mais valor. Ou seja, evoluir acaba sendo um bom negócio. Mas nesta ordem: primeiro, a evolução.
Trazer as empresas mineiras para essa jornada alicerçada nos pilares do Capitalismo Consciente como forma de conduzir a ações efetivas é a missão da Filial Regional em Belo Horizonte. Temos pressa. Afinal de contas, o aquecimento global já não é mais assunto do futuro.
* Sobre o autor: Economista, especialista em gestão de negócios, mentora e colíder da Filial Regional em Belo Horizonte