20 lições para tornar o Brasil mais inovador em 2023

Segunda edição do jantar Mind the Gap reuniu CEOs, fundadores, investidores, representantes de universidades, conselheiros e o ecossistema de inovação para construir novas pontes. Hugh Forrest, diretor do SXSW, fez palestra exclusiva para os convidados do evento.

ÉPOCA NEGÓCIOS – 28 SET 2022 – 16H14

mtg (Foto: Fabio Chialastri)
Participantes do jantar Mind the Gap posam para foto ao final do evento (Foto: Fabio Chialastri)

Para construir um país mais inovadorlíderes e gestores de organizações precisam abraçar as mudanças necessárias como causas pessoais e sentir o incômodo com o status quo no dia a dia, ao invés de só incluir a indignação em discursos corporativos.

A conclusão acima pode até fazer parte de algum estudo sobre empreendedorismo, mas, neste caso, o desejo de transformação já integra o repertório de dezenas de pessoas que são protagonistas dos negócios e que estiveram presentes na segunda edição do jantar Mind the Gap, promovido por Época NEGÓCIOS, e neste ano em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC).

Inovação não é ter a melhor ideia, é construir o modelo de negócio mais sustentável

A expressão em inglês é uma marca de Londres, capital da Inglaterra, usada como alerta para uma ação praticamente involuntária – no transporte público, deve-se tomar cuidado com o vão entre a plataforma e a porta dos trens.

No Brasil, manter os olhos fechados para as lacunas existentes no mundo dos negócios e apenas repetir a rota em modo automático trará prejuízos muito maiores do que uma pisada em falso. É preciso enxergar e reconhecer o oceano de distância entre o Brasil que temos e o Brasil que queremos: um país que seja referência em inovação global.

Na última edição do levantamento global de inovação da plataforma Statista, o Brasil aparece na 57ª colocação de um total de 130 países. Historicamente, chegamos, no máximo, à 47ª posição, em 2011 — onze anos atrás. Já no ranking de 2022 do IMD World Competitiveness Center, que conta com a parceria do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC) e analisa a capacidade de digitalização de 63 economias mundiais, estamos atrás de China, Índia e Chile. O país caiu este ano uma posição, indo para o 52º lugar, ficando entre os 15 piores.OS MELHORES MOMENTOS DO MIND THE GAP


Hoje o país tem mais de 14 mil startups, ou quase 10 mil a mais que em 2015. Dos quase 1.200 unicórnios globais, no entanto, apenas 17 são brasileiros. A inovação existe, mas… Nos Estados Unidos, por exemplo, há mais de 600 unicórnios. A Inglaterra tem 46. Ainda parece haver um longo caminho para que o país realize, de fato, o seu potencial inovador.

Numa noite de terça-feira (13/9), na sede paulistana da Fundação Dom Cabral, na Vila Olímpia, o Mind the Gap foi uma oportunidade para recalcular a rota a partir de dois questionamentos principais: qual é o papel das organizações e qual é o papel dos líderes na criação desse Brasil mais inovador?

Uma das conclusões é a que abre este texto – passou da hora de os gestores colocarem o discurso na prática. Para estimular as ideias, a sequência de atividades foi elaborada com o vocabulário completo que o setor privado vem usando, embora nem sempre coloque em prática: stakeholders, escuta ativa, intraempreendedorismo, propósito, diversidade e ESG.

A primeira edição do evento foi realizada em 2019, quando ninguém poderia imaginar que uma pandemia estava por vir. A ressaca dos últimos dois anos ainda não passou. Muitos dos convidados se reencontraram pela primeira vez ali, no jantar, ao som de violinos. Aproveitaram a oportunidade para colocar o papo em dia. A conversa começou no coquetel de recepção e continuou enquanto eles se dirigiam aos lugares previamente marcados nas nove mesas do evento.

Cada etapa foi pensada para que a experiência fosse coerente com a proposta do encontro. Não, os organizadores não tinham nenhum interesse oculto em separar amigos de longa data. O objetivo foi garantir diversidade na composição dos grupos, para que as conversas tivessem pluralidade de ideias.

Paulo Costa, CEO do Cubo, apresenta as conclusões de debate realizado na mesa (Foto: Samuel Esteves)
Paulo Costa, CEO do Cubo, apresenta as conclusões de debate realizado em sua mesa (Foto: Samuel Esteves/Editora Globo)

Todas as mesas contaram com um responsável por mediar o bate-papo. Foram duas rodadas de discussões com direito a comes e bebes e, ao final de cada uma, um representante de cada grupo compartilhou os principais desfechos a partir do tema proposto.

Mesmo em conversas separadas, há, naturalmente, pontos em comum vivenciados por quem se arrisca a empreender no Brasil. Foi consenso o fato de que o país ser excludente e desigual contribui com a maior dificuldade para a inovação e com a menor produtividade da força de trabalho.

Contudo, quem quer fazer negócios precisa olhar mais para os processos internos e menos para as dificuldades impostas pela estrutura governamental, que dependem de mudanças mais profundas. Neste sentido, outro ponto em comum entre os convidados foi a percepção de que os gestores precisam ter uma visão de mundo menos egocêntrica e mais “ecocêntrica”, com um olhar abrangente para o sistema em que estamos inseridos.

Em tempos do reconhecimento da importância da saúde mental, um comentário arrancou gargalhadas do público: diante de tantos problemas complexos e de tantas novas responsabilidades, os gestores precisam fazer menos MBAs e mais terapia. É aquela velha história: quantas reuniões não poderiam ter sido um e-mail?

Sandra Boccia, diretora editorial da Editora Globo, e Hugo Tadeu, diretor do centro de inovação e pesquisa da Fundação Dom Cabral, fizeram as vezes de mestres de cerimônia, contribuindo para a descontração da noite, que, segundo os presentes, passou voando.

Hugh Forrest, diretor de programação do South by Southwest, e convidado especial do Mind The Gap deste ano, fez a abertura da cerimônia. “Não acho que vamos voltar totalmente aos tempos de pré-pandemia, mas espero que cheguemos perto”, declarou o americano. “Os líderes ainda não sabem lidar com o aquecimento global, o tema mundial mais importante do nosso tempo, e com inovações como metaverso e web 3.0.”

Hugh Forrest, diretor do SXSW, durante jantar Mind the Gap  (Foto: Samuel Esteves/Editora Globo)
Hugh Forrest, diretor do SXSW, durante jantar Mind the Gap (Foto: Samuel Esteves/Editora Globo)


Forrest, que contribuiu com as discussões da noite, utilizou sua fala inicial para dar um aperitivo da próxima edição do South by Southwest. Adiantou, por exemplo, que diversidade, equidade e inclusão ganharão ainda mais espaço. “Se queremos gerar ideias criativas, precisamos reunir pessoas que pensam de maneira diferente”, observou. Revelou também que a recuperação do setor de turismo, com a chamada revenge travel, será abordada, assim como temas do momento como criptomoedas e computação quântica.

A noite foi inspiradora e mostrou as possibilidades de um futuro promissor, mas o caminho é longo. São vários os gaps que precisam ser sanados: há falhas de comunicação e de questões cognitivas nas empresas, modelos mentais diferentes, necessidade de colaboração e percepção mútuas, e ainda existem preconceitos geracionais, de etarismo e exclusão por raça, classe social e nível de educação.

O resultado do encontro foi resumido a 20 lições, listadas a seguir. Este conjunto é uma carta de compromisso e de intenções para orientar a comunidade de negócios empenhada em inovação, sustentabilidade e diversidade. Aliás, serve também como sinalização para futuros governantes, para o setor público, universidades e o terceiro setor. Na nossa ponta, o texto a seguir servirá de referência para refinar o propósito do jornalismo que Época NEGÓCIOS produz, de forma colaborativa, ao dialogar com a nossa comunidade. Todas as discussões foram conduzidas em off e apenas os consensos estão aqui expostos. Boa leitura!

1. Inovações precisam estar alinhadas ao propósito


Muitas companhias e startups definiram seus propósitos antes mesmo de iniciar as operações. É uma escolha sensata, pois eles servem de baliza para toda e qualquer decisão estratégica. Equivalem a um denominador comum para cada stakeholder e evitam tiros para tudo que é lado quando bate o desespero. Mais: ajudam toda a equipe a direcionar a companhia para um futuro virtuoso. A questão é que as inovações não podem estar apartadas desse espírito. “Se elas não ajudarem a resolver problemas do país e conduzirem a sociedade para um novo ciclo de prosperidade, tendem a cair no vazio”, registrou a dona de uma startup. Inovação com propósito equivale, muitas vezes, a abrir mão de lucro no curto prazo para garantir ganhos mais sustentáveis no futuro. Em outras palavras, pode tornar uma companhia menos competitiva que uma concorrente durante algum tempo. Quer atitude mais disruptiva do que essa? 

2. Sem propósito claro, reter talentos é difícil


Com a pandemia, muita gente passou a se perguntar o seguinte: até que ponto meu trabalho está contribuindo com o planeta e o meu entorno? Por outro lado, diversas empresas se deram conta, no mesmo período, de que elas não estão aí só para alimentar o mercado de consumo. Perceberam que sempre deveriam estar a serviço da sociedade. Não à toa, muitas deixaram de produzir o de sempre para construir hospitais, fabricar EPIs, álcool em gel e ventiladores pulmonares. O engajamento das companhias em causas socioambientais é cada vez mais valorizado pela sociedade e pelos funcionários. Ajuda, inclusive, a reter talentos. Com um propósito claro, manter os quadros é ainda mais fácil.

3. É preciso contribuir com a formação de mão de obra qualificada


Como se não bastasse o quiet quitting, uma parte considerável dos profissionais contratados está cada vez mais propensa a dar adeus à carteira de trabalho caso as condições oferecidas não sejam as melhores. Neste ano, segundo a consultoria Gartner, 37,4 milhões de americanos vão pedir demissão – é um número 20% maior do que a média anual de antes da pandemia. Por outro lado, falta gente qualificada para desempenhar diversas funções. Pelas contas da McKinsey, o Brasil enfrentará uma carência de 1 milhão de profissionais da área da Tecnologia da Informação (TI) até 2030. “Em vez de ficar lamentando a falta de engenheiros e de outros profissionais, as empresas precisam ajudar a formá-los”, argumentou o CEO de uma fintech.

4. A produtividade deve estar vinculada ao bem-estar


No final do ano passado, a Gartner fez uma pesquisa com 3.500 profissionais e concluiu que mais da metade acha que o trabalho remoto é malvisto em suas organizações. Outra conclusão impressionante: 70% deles acreditam que quem continua indo para o escritório tem mais chances de ser promovido e ganhar aumentos do que aqueles que dão preferência ao home-office. Sinal de que o modelo híbrido de trabalho, apesar de vigorosamente defendido por boa parte dos funcionários – aqueles que viram ganhos na produtividade e no bem-estar –, não é exatamente bem aceito. A verdade é que no Brasil, ao que parece, o tempo gasto dentro dos escritórios ainda é mais valorizado do que os resultados concretos trazidos por cada colaborador. Mudar essa mentalidade é fundamental para tornar as rotinas dos funcionários realmente produtivas – e, por que não, mais leves e agradáveis.

5. Equipes diversas precisam falar a mesma língua


A aposta em profissionais diversos tende a provocar conflitos de visões e ideias, que estimulam soluções fora da caixa. Mas isso só ocorre se os gestores fomentarem o diálogo para que todos falem a mesma língua – a da empresa. “CEOs precisam mais de terapia do que de MBAs”, observou um jovem executivo. Devem estar bem resolvidos, afinal, para aceitar, empaticamente, as diferenças – e para que o caos criativo gerado por elas se traduza em ganhos perceptíveis. É preciso juntar diversas pontas, vale lembrar. A dos jovens profissionais altamente instrumentalizados, mas com pouca experiência, por exemplo, e a dos veteranos, para os quais as portas do mercado de trabalho tendem a se fechar. Um RH preparado para lidar com as necessidades de profissionais tão distintos também é indispensável no contexto atual. 

6. A inclusão deveria começar no topo da pirâmide


A inovação pode ser proposta pelos consumidores e até pelos funcionários da base da pirâmide, mas a implementação sempre dependerá do aval dos CEOs e dos conselhos de administração. E quanto mais diversa for a liderança, maiores as chances das inovações se mostrarem plurais e alinhadas aos atuais anseios da sociedade. Há desafios gigantescos pela frente. De todos os assentos nos conselhos de administração das 343 companhias brasileiras listadas na bolsa, só 15,2% deles são ocupados por mulheres – a conta foi feita pela Teva Indices, empresa especializada em coletar dados relacionados ao ESG. São 1.950 homens versus 350 mulheres conselheiras. E cerca de 30% das corporações não chamaram nenhuma mulher para o conselho – se serve de consolo, é o melhor resultado dos últimos 5 anos. É crucial dar espaço, no entanto, também para líderes negros, membros da comunidade LGBTQIA+ e de outros grupos minorizados.

7. Diversidade é um bom negócio



De acordo com uma análise já bem conhecida da consultoria McKinsey, companhias que abraçam a diversidade étnica e cultural costumam faturar até 33% a mais. A explicação beira o óbvio: com equipes que espelham a sociedade como ela é de fato, fica bem mais fácil lançar produtos e serviços que interessem a muito mais gente. A Shell, por exemplo, descobriu que mais da metade de sua clientela é feminina. Se não tivesse mulheres em cargos de gestão, a rede talvez não daria tanta atenção à maneira como os frentistas se comportam – a ponto de criar uma forma de pagamento que as dispensa de descer do carro. O exemplo deixa claro que pontos de vista diferentes favorecem novas perguntas e decisões melhores.

8. Sem metas claras, a inclusão não sai do papel



“O Brasil é um país onde 56% da população se autodeclara negra e é fundamental que estas pessoas ocupem seus espaços na sociedade e, de uma vez por todas, deixem de ser minorizadas”, reconheceu o Carrefour após o trágico episódio com João Alberto Silveira Freitas, um homem negro, ser espancado até a morte por dois seguranças de uma unidade da rede em Porto Alegre. Para demonstrar que está empenhada em não permitir que o fato se repita, a companhia assumiu oito compromissos e um plano de ação para combater o racismo e a discriminação. Uma das metas quer alterar o quadro de seguranças para que 50% dele seja formado por mulheres – a população negra já responde por 65% das posições. Sem metas claras ou planos de ação factíveis, nenhuma empresa consegue tirar a inclusão do papel. Estabelecer prazos também é fundamental, assim como o reconhecimento das lacunas existentes, seja em relação à representatividade da população negra ou de outros grupos.

9. Inovar e aderir a tendências não é a mesma coisa



Quem se lembra do Clubhouse? Cada vez menos gente. Lançado em abril de 2020, o aplicativo de conversas só para convidados virou uma febre instantânea no Brasil e no mundo. Diversas marcas, como a montadora Audi, não pensaram duas vezes e aderiram à novidade, hoje tão em alta como as fitas-cassetes. “Inúmeras companhias decidem apostar em inovações como metaverso e blockchain sem fazer ideia do que se trata”, lembrou a CEO de uma startup. Querem implantá-las só porque são novidades – e sobre as quais todo mundo está falando no momento. Só faz sentido aderir a inovações que ajudam a resolver problemas reais da companhia.

10. Transformação digital é só o começo


As mudanças de comportamento impostas pela pandemia levaram incontáveis empresas a apostar, às vezes tarde demais, na digitalização – era isso ou entregar os pontos. Não dá para considerar como uma grande inovação o mero adeus a canais de vendas tradicionais. É só um primeiro passo para o desenvolvimento de inovações realmente disruptivas. De acordo com um cálculo de Accenture, a priorização de uma agenda digital poderia expandir o PIB do país em até US$ 3,5 trilhões em 10 anos e a nossa renda per capita em 13%.

11. A personalização impulsionada pelos algoritmos é cada vez mais bem-vinda



É uma pergunta que muita gente já se fez: os smartphones “escutam” o que estamos falando? A dúvida ocorre por causa do direcionamento – cada vez mais certeiro – dos anúncios e conteúdos visualizados em redes sociais como o Instagram. Nenhum feed é igual ao outro e daí a suspeita – obviamente infundada – de que um Facebook da vida ouve alguém falar em pizza, por exemplo, para inundar as redes da mesma pessoa com anúncios de pizzarias. “Essa suspeita já mostra o quanto os algoritmos evoluíram”, observou um dos participantes. Ao mesmo tempo, todo mundo parece gostar de abrir a Netflix e encontrar sugestões exclusivas – baseadas no histórico de uso – e a relação do que já foi assistido. A personalização impulsionada pelos algoritmos é cada vez mais valorizada pelos consumidores – se executada com inteligência. 

12. A cultura empresarial é a soma de culturas individuais



Os dirigentes de uma companhia que levantou centenas de milhares de dólares durante o IPO concluíram que ela não tem nenhuma cultura para chamar de sua – tem inúmeras. Na prática, uma cultura empresarial é a soma da cultura de cada um dos funcionários – que, graças a visões de mundo diferentes e experiências distintas, favorecem resultados melhores. “Impor uma cultura única para todos pode silenciar as individualidades, o que é contraproducente”, cravou um dos líderes que compareceu ao Mind The Gap. Daí a importância da busca constante por equipes diversas. Com pontos de vista diferentes, inovar é mais fácil e rápido.

13. A falta de experiência também tem seu valor


Uma das CEOs presentes não esquece do que um antigo chefe lhe dizia na época em que ela trabalhava como consultora de moda: “é ótimo que você não tenha técnica”. Era um elogio, convém explicar. Na visão do antigo patrão, com a qual a executiva concorda, a pouca experiência na área favorecia ideias e soluções fora do óbvio. Hoje ela preside uma foodtech. Recentemente, a empresa contratou uma sumidade do mundo do varejo para ajudá-la a aumentar a presença em supermercados. Em um mês, porém, a escolha se mostrou equivocada. A solução? Substituir a sumidade por um profissional de outra área, que, graças a uma visão diferente, ajudou a foodtech a obter resultados mais assertivos. “Experiências diferentes resultam em soluções diferentes”, defendeu a executiva. 

14. O “ESGwashing” não pode prevalecer



Os cientistas apontam para um apocalipse climático até o fim do século, mas, para a sociedade em geral – e para as empresas, sobretudo – a ficha parece não ter caído. Às vésperas da COP-26, muitas companhias anunciaram metas rumo à neutralidade de carbono, mas várias delas com prazos inócuos e resultados questionáveis. Até a China afirmou que vai liquidar as emissões do poluente – em 2060! Depois da era do greenwashing, surgiu o que está sendo chamado de “ESGwashing”, que, obviamente, não pode prevalecer. No que se refere ao meio-ambiente, metas ousadas, urgentes e mensuráveis para diminuir impactos deveriam ser a ordem do dia de qualquer companhia.

15. Incubadoras e startups devem dialogar mais



De um lado, as startups, ávidas por transformação e investimentos. Do outro, as empresas incumbentes, aferradas a referências, métricas e conceitos talvez já datados – porém dispostas, eventualmente, a financiar as primeiras. A soma desses dois universos costuma contribuir com a efervescência do nosso ecossistema de inovação, desde que haja diálogo constante. Muitas incumbentes e empresas de private equity limitam-se à governança, sem contribuir com a solução dos desafios à frente.

16. A aposta em inovação com valor agregado ainda é baixa



Qualquer estratégia colocada em prática em qualquer atividade para aumentar os ganhos pode ser vista como inovação – que não bastará para transformar uma comunidade ou dar mais competitividade ao país. Uma análise recente do Sebrae, a partir de dados do Ministério da Economia, concluiu que mais de 60% das exportações de bens industriais feitas pelas micro e pequenas empresas envolvem produtos de baixa tecnologia agregada. Aumentar a aposta em inovações que fazem a diferença equivale a multiplicar o volume de exportações e tornar o país relevante no cenário internacional. 

17. Os governos precisam atuar ativamente no processo de inovação



Não é segredo que governos tiveram participação decisiva na criação de alguns dos ecossistemas de inovação mais vibrantes do mundo. Muitos contam, em algum grau, com o apoio de órgãos e de departamentos estatais. Referência no desenvolvimento de startups, Israel destina mais de 5% do PIB à pesquisa e desenvolvimento – o equivalente a quase US$ 22 bilhões.

18. O país precisa distribuir melhor as oportunidades de negócio em seu território



O 5G simboliza um problema crônico do país: a desigualdade de oportunidades. A tecnologia chegou ao país, mas está restrita a poucas capitais (não falamos do chamado 5G DSS, gambiarra que se vale de frequências compartilhadas com outras tecnologias, como o 4G). O Brasil ainda está longe de oferecer internet de banda larga de qualidade em todo o território nacional e até mesmo energia elétrica. Corrigir essas distorções é um passo importante para distribuir melhor as oportunidades de negócio do Oiapoque ao Chuí.

19. Parcerias com universidades contribuem para soluções universais


Na corrida para o desenvolvimento de vacinas contra o novo coronavírus, a participação das universidades fez toda a diferença. E serviu para lembrar o quanto elas podem ajudar a tirar do papel inovações altamente lucrativas – segundo a IQVIA, US$ 157 bilhões deverão ser gastos globalmente com a compra de vacinas contra a Covid-19 até 2025.

20. O impacto social não pode ser medido em curto prazo



A lógica do mercado de capitais obriga as companhias a reportarem seus resultados a cada trimestre. No que se refere às cifras financeiras, é uma prática mais do que aceitável. Não dá para medir impacto social em curto prazo. “Queremos que nossas companhias tomem decisões que transcendam a nossa existência e continuem a gerar valor social mesmo no futuro”, declarou uma das CEOs presentes na segunda edição do Mind the Gap.

Os presentes ao jantar Mind the Gap:

Adriana Aroulho (SAP)

Adriana Barbosa (Feira Preta)

Alan Leite (Startup Farm)

Alex Comninos (Accenture)

Alexandrine Brami (Lingopass)

André Barretto (Unike)

André Proença (FDC)

Andrés Cima (Grupo Elfa)

Anibal Messa (Plataforma)

Ann Williams (Creditas)

Arthur Bezerra (FDC)

Arthur Rufino (Octa)

Cammila Yochabell (Jobecam)

Carlos Braga (FDC)

Caroline Nunes (InspireIP)

Christiane Bertelli (Editora Globo)

Cláudia Mendes (Oficina de Valor)

Cleber Morais (AWS)

Daniela Garcia (Capitalismo Consciente Brasil)

Daniel Salles (jornalista)

Deborah Vieitas (Amcham)

Dirceu Gardel (Boa Vista)

Eduardo Del Guerra Prota (N26)

Elisa Campos (Editora Globo)

Emiliano Hansenn (Editora Globo)

Erika Medici (AXA)

Estanislau Bassols (Cielo)

Fabio Freire (FindUp)

Felipe Rizzo (WeWork)

Fernanda Oening (jornalista)

Gabriela Baumgart (Grupo Baumgart)

George Jamil (FDC)

Gil Giardelli (FDC)

Gilson Rodrigues (G10 Favelas)

Giovanna Meneghel (Nude)

Heloisa Menezes (FDC)

Hugh Forrest (SXSW)

Hugo Tadeu (FDC)

Jeane Tsutsui (Grupo Fleury)

João Meyer (Editora Globo)

José Vicente (Universidade Zumbi dos Palmares)

Juliano Cornacchia (Vórtx)

Katia Negreiros (CapSur Capital)

Kedma Tolentino (4dmais)

Kika Ricciardi (Ventiur)

Layon Costa (Clara)

Lexy von Keszycki (Endeavor)

Liao Yu Chieh (C6)

Lilian Baima (Editora Globo)

Liliane Rocha (Gestão Kairós)

Luis Lora (Globo Ventures)

Luiz Sérgio Vieira (EY)

Marcelo Salim (FDC)

Luiz Pretti (Votorantim)

Marcelo Malzoni (Editora Globo)

Marcos Coronato (Editora Globo)

Mariana Iwakura (Editora Globo)

Mariana Tolovi (GPTW)

Marisa Gil (Editora Globo)

Marta Díez (Pfizer)

Milton Beck (LinkedIn)

Mônica Granzo (Smarkets)

Patrick Hruby (Movile)

Paulo Costa (Cubo)

Priscilla Veras (Muda Meu Mundo)

Rafa Forte (VTEX Brasil)

Regina Acutu (Verifact)

Renata Petrovic (InovaBra)

Renata Ramalhosa (Beta-i Brasil)

Ricardo Pelegrini (Quantum4 Innovation Solutions)

Ricardo Rodrigues (Editora Globo)

Roberto Oliveira (Take)

Rodrigo Araújo (FDC)

Rodrigo Buldrini (Editora Globo)

Rodrigo Pipponzi (Grupo MOL)

Rodrigo Xavier (Conselheiro) 

Sandra Boccia (Editora Globo)

Silvia Valadares (Centria Partners)

Tasso Azevedo (MapBiomas)

Tatiana Santarelli (TeamHub)

Thais Rocha (Editora Globo)

Thelma Valverde (eMiolo)

Thomaz Srougi (Dr. Consulta)

Tijana Jankovic (Rappi)

Tracy Mann (SXSW)

Victor Cavalcanti (Infleet)

REPRODUÇÃO

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