Estamos vivendo o século de maior desafio quando o assunto é a perenidade dos negócios. Com a pandemia e as mudanças climáticas ocorridas na última década, as empresas se viram enfrentando novos cenários econômicos, sociais e ambientais. O conceito de sustentabilidade não é mais apenas um ideal; é uma exigência que influencia desde as regulamentações governamentais até as expectativas de consumidores e investidores. Nesse contexto, integrar ESG e os princípios do capitalismo consciente não é uma escolha opcional, mas uma estratégia de sobrevivência e crescimento.
O que define se uma organização terá perenidade é justamente a habilidade de transitar neste conceito e desenvolver o capitalismo consciente. O termo ganhou força nos últimos cinco anos, mas é antigo, e apesar de antigo, muitos executivos e a própria sociedade ainda não compreenderam o seu real significado. Há uma necessidade de uma abordagem multi-stakeholder: olhar para clientes, funcionários, investidores, fornecedores, comunidades e meio ambiente, com cuidado e atenção.
É ressignificar e aplicar o conceito de “valor” e da “cadeia de valor” para muito além das ideias financeiras e puramente administrativas, e integrar o ESG ao capitalismo nas estratégias de negócios. Na prática, o ESG é mais uma ferramenta para medir a performance de uma organização, onde a lucratividade também gera impacto positivo. Quando um negócio foca apenas na primeira questão, o impacto “responde” por meio de riscos – em secas, enchentes, escassez de matéria-prima, falta de mão de obra qualificada, baixa produção, etc.
Neste novo mundo que vivemos, a lucratividade por si só é uma ideia que não existe mais sozinha. Ações conjuntas com governos, ONGs, comunidades locais, investidores e clientes são fundamentais para enfrentar estes desafios tão complexos e empresas que desenvolvem relações sólidas com seus stakeholders e que criam valor compartilhado são mais preparadas para enfrentar crises, ao mesmo tempo em que exploram novas oportunidades.
Mas, como se faz isso? Afinal, a grande dificuldade das empresas é tirar do papel e levar à prática. A chave dessa resposta, na maioria das vezes, está na tomada de consciência e na educação de colaboradores, lideranças e executivos do alto escalão. Em outras palavras, é acelerar a sua própria transformação cultural, capacitando lideranças conscientes para impulsionar a mudança positiva.
Estamos falando de habilidades não-palpáveis, que geram valor intelectual, físico, social, emocional, ecológico e até mesmo espiritual, sem prejuízo à geração de lucro e a investidores e acionistas. Líderes conscientes, comprometidos com os valores do capitalismo consciente e com a incorporação dos princípios ESG, são capazes de guiar suas organizações em direção a um futuro mais sustentável e rentável.
Paralelamente a isso, com a crescente pressão de reguladores, os critérios ESG devem estar no centro da estratégia empresarial. Essas organizações, que se comprometem com o desenvolvimento e inovação contínuas que tem como foco o impacto positivo, são percebidas como mais confiáveis, transparentes e resilientes, o que aumenta sua capacidade de atrair capital e fidelizar consumidores.
Portanto, se há uma única certeza sobre este mundo dos negócios e do universo no qual vivemos é a certeza de que o futuro exige uma abordagem estratégica que vá além do lucro imediato. Adaptar-se a estas mudanças e incorporar as boas práticas não é mais uma opção e sim uma obrigação de quem busca sobreviver.
Autora
Daniela Garcia, CEO do Capitalismo Consciente Brasil
Artigo originalmente publicado no veículo Época Negócios.