Autoconhecimento organizacional e sua importância para os líderes

O autoconhecimento é fundamental para que possamos trabalhar nossos pontos fracos e explorar os pontos fortes, certo? Nas empresas, em nossas vidas profissionais, não é diferente. Quanto mais conhecemos a companhia, entendemos seus processos e identificamos seus objetivos, mais fácil será compreender suas tendências estruturais, e, com isso, exercer uma liderança muito mais inspiracional, consciente e assertiva.

Aliás, o mundo está cada vez mais dinâmico com a evolução das novas tecnologias e do conhecimento em diversas áreas e, por isso, os líderes precisam estar sempre atentos às novidades que podem interferir no seu setor e, consequentemente, nos desenvolvimentos de seus liderados. O autoconhecimento organizacional é a melhor forma de nos prepararmos para as transformações que estamos vivendo constantemente, pois só conhecendo a fundo a empresa e os nossos liderados, identificando características que podem ter melhorias e que devem ser elevadas, é possível criar estratégias, não só para o negócio em si, como também para os próprios colaboradores, sempre trazendo o elemento cultural que poderá levar a uma alta performance com princípios.

Um exemplo disso é a proliferação das Inteligências Artificiais nas empresas. Elas podem e devem ser usadas em prol do negócio, mas, para isso, é preciso conhecer a fundo os processos do setor que você lidera, possibilitando a identificação das iniciativas das áreas e desafios em que as IAs podem ajudar. Após esse primeiro passo, é preciso analisar as skills do time como um todo (e aqui eu incluo o próprio líder também), para entender se o time está apto a utilizar essa tecnologia e, caso não esteja, se seria possível os integrantes melhorarem seus conhecimentos e/ou desenvolverem e adequarem essas tecnologias para suas necessidades e objetivos.

Aliás, é importante ressaltar que o autoconhecimento vem de dentro, afinal, um líder que não conhece a si mesmo, não consegue liderar ninguém! É importante que quem esteja na posição de liderança faça uma autoavaliação constante, entendendo suas características que carecem de melhorias ou que são muito fortes e podem ser alavancas; importante aqui é que procurem sentir e entender o contexto, cultura, a realidade das pessoas que compõem aquele organismo. Dessa forma, analisando se há alguma skill a ser trabalhada, como por exemplo a capacidade analítica daquele time ou de algum outro indivíduo, poderão estar mais preparados para o novo. O aprendizado contínuo é uma boa qualidade para quem quer ser ou já é um líder e os cursos de atualização são ótimas oportunidades para adquirir conhecimento e trazer novas visões para dentro do seu trabalho. Além disso, como já comentei, o mundo está mudando muito rápido e o lifelong learning é a melhor forma de se manter em um cargo de liderança. As fontes de aprendizados são inúmeras e até mesmo os mecanismos de inteligência artificial existentes podem acelerar muito a melhoria desses skills; usem com moderação e observem se há vieses, mas não tenham medo do novo, abracem.

Mas há também as softs skills. Apesar de falarmos muito mais das hard skills, as softs skills são tão ou mais importantes para qualquer líder. Diria, inclusive, que elas são fundamentais! Ressalto aqui algumas das que acredito serem essenciais para as lideranças:

  • Escuta ativa
  • Empatia e inteligência emocional
  • Boa comunicação
  • Saber delegar funções
  • Resolução de problemas
  • Capacidade de engajar a equipe
  • Criatividade
  • Pensamento crítico
  • Coragem
  • Ética no trabalho
  • Gestão de tempo
  • Flexibilidade e Adaptabilidade

Desenvolver essas habilidades e tão importante quanto as hards skills, pois gerenciar a si mesmo e as pessoas é uma das principais atribuições do líder, e a forma como gerenciamos o time impacta diretamente nos resultados e nos impactos gerados, que não se limitam ao bottom line; temos que pensar em todos os stakeholders envolvidos. Lembrando que todos nós somos seres humanos e lidamos com outros seres humanos diariamente, principalmente quando ocupamos essa posição, então precisamos saber como agir com essas pessoas, as engajando e fazendo com que elas se sintam parte do propósito, propósito este que precisa ser naturalmente claro.

Para isso, mais do que estarmos próximos dos nossos liderados, precisamos conhecê-los realmente. Eu sempre procuro fazer esse exercício e sugiro a todos os líderes com os quais convivo fazerem o mesmo, com feedbacks constantes, onde ambas as partes consigam expor de forma sincera suas percepções, envolvendo os outros líderes e, dependendo da situação, a própria equipe em tomadas de decisões, dentre outras ações. Um exemplo de prática nessa jornada foi o Café com Prosa, um programa sem pauta, que busca dar espaço a todos para falarem sobre quaisquer assuntos, aspirações, dúvidas, experiências, de preferência sem relação ao trabalho. Assim, pudemos nos conhecer melhor de forma genuína, trazer para o ambiente quem realmente somos, e não eventualmente quem somos no trabalho.

O mais importante é (e isso vem por meio do autoconhecimento organizacional também) entender qual é a melhor forma, dentro da realidade da sua empresa ou do seu time, de conquistar esse relacionamento mais próximo. Outro ponto importante a se pensar é que a interação entre lideranças da mesma companhia pode ser muito benéfica, ajudando esse gestor a conhecer melhor a empresa, trocar percepções e ter ideias de outras ações e formatos de gestão do time.

Pode parecer um discurso altruísta, mas não é (pelo menos não com esse reducionismo). Líderes que possuem autoconhecimento organizacional e uma relação mais empática e genuína com os seus liderados, trazem melhores resultados para o negócios, sociedade e planeta a curto, médio e longo prazo. Não acredita? Eu colho os frutos de adotarmos essa cultura na Bravo e agora na Ambipar ESG diariamente. Com o ambiente aberto que criamos e estamos aplicando também na Ambipar ESG, as pessoas trabalham com mais liberdade para inovar, com mais senso de dono e, até mesmo, carinho e amor, fazendo, inclusive, que algumas rejeitem propostas, para continuar fazendo parte do nosso time. Conquistamos mais produtividade e menos rotatividade de colaboradores, maior performance e resultados com princípios.

Autoconhecimento organizacional e uma boa liderança consciente, que saiba utilizá-lo a seu favor, não só fazem com que o time trabalhe feliz, mas também promovem melhores resultados, trazendo mais retorno e impacto para o negócio, sociedade e planeta.


Autor

Claudinei Elias é CEO e fundador da Bravo GRC, empresa de tecnologia e consultoria em GRC e ESG, e Conselheiro Deliberativo do CCB. Recentemente, assumiu a posição de Partner e CEO Global da Ambipar ESG, do Grupo Ambipar.

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