Quando falamos sobre a necessidade de modernização do parque industrial brasileiro costumo citar como exemplo uma campanha de televisão que chama consumidores a trocarem suas geladeiras antigas por modelos mais eficientes energeticamente. Na propaganda é apresentado um selo que facilita a identificação do consumo de energia de produtos eletrodomésticos, o Selo Procel, um estímulo à substituição pela economia gerada na conta de luz com o novo equipamento.
Guardadas as proporções, o mesmo vale para a indústria. É claro que os custos da troca de uma geladeira e de uma máquina industrial são infinitamente diferentes, mas, via de regra, equipamentos modernos têm como diferencial aumentar a produção com mais eficiência energética. Vivemos, sob o aspecto do custo de energia, um momento propício para atualizar o parque industrial. São os motores das máquinas fabris, especialmente as antigas, vilãs do consumo de energia. Equipamentos modernos tendem a possibilitar produzir mais com menos.
Se comparado a anos anteriores, não estivemos recentemente em um período de alta significativa no preço da energia. Assim, o recurso que deixamos de arcar em comparação com períodos de taxas elevadas pode ser aplicado em modernização. Mesmo indústrias, sobrecarregadas por impostos, que não conseguem ter isso como prioridade, porém, têm muito a contribuir. É possível monitorar e conter fugas de energia, assim como colocar em dia manutenções e adotar controles que podem reduzir o consumo, dia após dia.
Essa jornada pode incluir, ainda, a geração própria de energia, com o uso de fontes renováveis como solar, eólica e biomassa. Aqui, temos outro ponto crucial: pensar na base da energia que alimenta nossas indústrias é parte desse contexto. E sabemos que esse movimento de preços é cíclico e voltará a subir, em algum momento – e investindo agora em eficiência energética, o baque, depois, será menor. Os muitos pleitos do setor produtivo por redução de custos, incentivos para modernização de máquinas, redução de preços do insumo e investimentos na diversificação de fontes de energia são uma forma de impulsionar mudanças e obter ganhos para toda a sociedade. Enquanto essas mudanças não ocorrem, no entanto, é dentro das fábricas que podemos agir. Conseguir gerar energia própria e colocar o excedente no mercado significa começar uma pequena revolução energética – e instigar outros players a também se movimentarem em busca de melhores soluções mais sustentáveis, economicamente e ambientalmente.
Autor
Sérgio Ribas, Diretor-presidente da Irani Papel e Embalagens Sustentáveis.