Com o desafio sem precedentes da pandemia da Covid-19, estamos acompanhando um novo momento, um despertar global. A sociedade está exigindo ações em direção a um modelo econômico, social e ambiental mais resiliente, equitativo e sustentável. Evidenciou-se a necessidade urgente das empresas alinharem seus objetivos estratégicos aos objetivos de longo prazo da sociedade e alguns temas que estavam avançando muito lentamente ganharam velocidade e um novo olhar.
Por exemplo, até bem recentemente imperava uma visão fragmentada nas empresas no que se refere a temas como sustentabilidade, questões sociais e de governança, que eram trabalhados separadamente e sem qualquer relação com a estratégia do negócio. O foco das empresas continuava a ser na maximização do lucro no curto prazo e como forma de minimizar as externalidades negativas de suas atividades as empresas desenvolviam ações de responsabilidade social corporativa.
Os SDGs – Sustainable Development Goals (ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e a Agenda 2030 eram pouco conhecidos no setor privado. Havia uma percepção de que se trata de assunto que dizia respeito apenas aos governos e às organizações do Terceiro Setor. Assim, o máximo que as empresas faziam era inseri-los em alguma ação de responsabilidade social corporativa.
Tudo isso evidenciou a urgência das empresas alinharem seus objetivos estratégicos aos objetivos de longo prazo da sociedade. Para que isto seja possível é necessária uma abordagem de gestão mais ampla, estratégica e humanizada, que promova a associação dos temas ESG (environmental, social e governance) e os ODSs, além de uma maior clareza sobre o propósito maior nos negócios e qual legado queremos deixar.
Os princípios do capitalismo de partes interessadas, defendidos pelo Fórum Econômico Mundial desde sua primeira edição, recentemente reafirmados no Manifesto de Davos 2020 e intensificados na edição do Fórum que teve início esta semana, nunca foram tão importantes. Em 2017 o International Business Council (IBC), ligado ao Fórum, liderou o compromisso de mais de 140 CEOs para alinhar seus valores e estratégias corporativas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para melhor servir a sociedade. Existe um consenso emergente entre as empresas de que o valor de longo prazo é criado de forma mais eficaz atendendo aos interesses de todas as partes interessadas.
A abordagem do Capitalismo Consciente está diretamente relacionada ao capitalismo de stakeholders e está alicerçada em quatro pilares muito importantes para todas as organizações: propósito, integração de stakeholders, liderança consciente e cultura consciente.
Partindo desta abordagem inspiradora para a ação, é necessário um framework que defina indicadores e métricas para medir os avanços da organização em direção à implantação de práticas de gestão que estejam alinhadas ao propósito maior da empresa, às questões ESG e aos ODSs. Recentemente o IBC, em colaboração com a Deloitte, E&Y, KPMG e PwC, desenvolveu um framework que está baseado em quatro pilares: princípios de governança, planeta, pessoas e prosperidade. Para cada pilar há indicadores, que deverão ser medidos e estão alinhados a alguns dos ODSs, definindo assim métricas comuns para a criação de valor sustentável.
Unindo este framework com os conceitos do Capitalismo Consciente temos uma abordagem consistente para as empresas partirem da inspiração para a ação, medindo e demonstrando suas contribuições em direção a sociedades mais prósperas e em uma relação mais sustentável com o nosso planeta.
Empresas que se responsabilizam pelos seus stakeholders geram valor para todos em vez de destruir e aumentam a transparência de suas atividades serão mais viáveis e valiosas a longo prazo.
Serviço: A partir do dia 2 de fevereiro será realizado o workshop on-line “Nova Era, Novas Regras: o Capitalismo Consciente”, em que serão abordados os pilares do Capitalismo Consciente e como eles se relacionam com temas como ESG. As inscrições estão abertas e para mais informações acesse https://legacy4business.com.br/
**Francine Pena PóvoaÉ fundadora e Diretora da Legacy4Business, embaixadora certificada do Capitalismo Consciente Brasil e co-líder da Regional MG, multiplicadora do Sistema B, administradora e Mestre em Administração de Empresas e atuou por 12 anos como Executiva em empresas de diversos segmentos.