Por necessidade ou por desejo, não importa. O fato é que vivemos a era da transparência. Não dá mais para ter um discurso diferente do comportamento. Atitude diferente do escrito na missão, visão, valores e propósito.
Propósito?
A razão de existir da empresa, além do lucro. O legado a ser deixado. Aquele “Q” a mais, tão relevante que faz os olhos brilharem, motivação se tornar inabalável e antídoto para a síndrome do domingo à noite.
O comportamento do consumidor evoluiu. Discursos vazios, mesmo que bonitos, engajam cada vez menos pessoas e por menos tempo. A tal da transparência é fato. Redes sociais, câmeras nos celulares, consumidores exigentes, hipercompetição entre marcas, colaboradores empoderados são ingredientes dessa nova era.
Neste ambiente pós pandemia, ágil, digital e ávido por inovações – para não dizer – dependente total delas, a cultura das empresas agora é foco de holofotes. Se antes, só clientes mereciam tratamento especial, agora os demais stakeholders começam a ser mais notados e valorizados.
Cultura como protagonista
Não é de hoje que a cultura de uma empresa é alvo de atenção. Há anos já se vem valorizando ambientes organizacionais mais saudáveis e alguns selos foram criados para a busca dessa tangibilização como o GPTW (Great Place to Work). Inovadora, foi outro adjetivo que tenta-se vincular à cultura, uma vez que a vantagem competitiva de muitas empresas, notadamente, as indústrias e as de serviços, dependem de sua capacidade de lançar novos produtos e serviços para satisfazer o consumidor cada vez mais exigente, crítico e insatisfeito.
Próxima praia à vista? Consciência.
Uma cultura consciente. Aquela que ao considerar todos os stakeholders como parceiros de um jogo em que todos ganham – sim, para um ganhar o outro não precisa, aliás, não deve perder – prima pela transparência (ela de novo!), casada com ética em um relacionamento de longo prazo.
Eu sei, parece lindo, mas surreal, né?
Mas faz total sentido:
– Colaboradores sentem-se mais felizes em trabalhar em uma empresa com propósito genuíno que se importa com o planeta (nosso super Stakeholder) e com a sociedade e portanto: negociações justas com fornecedores, parceiros e clientes.
– Fornecedores preferem trabalhar com empresas que não espremem suas margens pelo simples poder de barganha que eventualmente tenham. Gostam de ser parceiras em desenvolvimentos e próximos passos.
– Clientes querem sentir orgulho das marcas que consomem. O “status”está sendo ressignificado. Consumir de marcas conscientes de seu papel ambiental e social é cada vez mais cool.
– Acionistas que não tem nada de bobos, querem investir em marcas sustentáveis e rentáveis que acompanham o fluxo da nova economia.
A mesma lógica pode ser aplicada a quaisquer stakeholders. Todos são impactados – e essa palavra é perfeita nesse contexto – pela consciência nas relações. Essa consciência traz cuidado, ética, atitudes e práticas com critérios embasados na sustentabilidade social e ambiental.
Esse clima colaborativo, sem ataque, sem defesa é o que se vislumbra em empresas da nova economia. Empresas que entendem e praticam a sustentabilidade na plenitude da palavra. Empresas conscientes.
Célia Linsingen é Conselheira na Filial Regional do Capitalismo Consciente em Curitiba e também Consultora, Mentora e professora em Marketing e Branding. Mestre em Administração (Comportamento do Consumidor) e MBA Internacional em Gestão Estratégica da Inovação. Podcaster (Tendências de Mercado e Consumo), Multiplicadora do Sistema B e Co-founder da Brandita.