Conservar a biodiversidade é vida: o caminho é regenerar

O 6.º Relatório de Avaliação do IPCC (Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas) alerta que os eventos climáticos serão mais extremos e frequentes, com tempestades, secas, alagamentos, incêndios florestais. Esses fenômenos ameaçam a saúde e a segurança de milhões de pessoas, colocando em risco a produção de alimentos e o acesso à água potável.

E o que podemos fazer?

A transição para fontes de energias limpas precisa ser acelerada. Devemos fortalecer a capacidade da natureza de combater as mudanças climáticas, adotar práticas agrícolas sustentáveis e criar fontes de água resilientes ao clima.

É o momento da economia regenerativa, ou seja, de modelos de negócios que não apenas reduzem impactos negativos mas geram impactos socioambientais positivos. Para isso, as empresas devem adotar princípios que envolvem o controle e a eficiência no uso da energia, informação, recursos e dinheiro. Investir em  recursos limpos e promover a circularidade dos produtos são medidas essenciais. Afinal, na natureza não existe desperdício; para a economia circular, o lixo é um erro de design.

O reaproveitamento adequado ocorre quando os produtos são reintegrados na cadeia com o mesmo valor ou até mesmo um valor superior ao produto original. Com a população mundial em crescimento, a pressão sobre os recursos naturais, as emissões e o desperdício aumentará. Precisamos, portanto, de consumo e produção sustentáveis globais (SCP) e de economias circulares.

Para que isso seja possível, é necessário rever a estrutura organizacional. Durante décadas, extraímos recursos, destruímos habitats e geramos poluição. Essa abordagem linear é insustentável. Precisamos equilibrar essa relação, reinvestindo na natureza o que dela extraímos e adotando um pensamento circular, no qual os recursos são continuamente reaproveitadas. Empresas precisam adotar uma cultura ética, respeitosa e responsável, mantendo a coerência entre discurso e ação, com um comprimisso com suas partes interessadas, a sociedade e o meio ambiente. Além disso, integrar pequenas, médias e grandes organizações pode fortalecer a resiliência e eficiência dos processos, minimizando riscos de imagem e reputação, especialmente relacionados aos  direitos humanos, relações trabalhistas, meio ambiente e corrupção.

Colaboradores são mais produtivos quando cooperam entre si, percebendo valores e objetivos comuns. As novas gerações, em especial, buscam trabalhar em empresas com propósito e que se preocupam genuinamente com clientes funcionarios e comunidade, criando riqueza e fazendo a diferença no mundo.

A  liderança tem um papel fundamental, não apenas em zelar pelo propósito da organização, mas também em promover um ambiente de aprendizado coletivo e adaptativo, para enfrentar os desafios. Diversidade também é importante, não só com fins sociais e de reparação histórica, mas em prol da inovação, criatividade pela minimização dos vieses inconscientes e do efeito manada.

Enfrentamos três crises planetárias – aquecimento global, perda da biodiversidade e poluição. A 6.ª edição do Código de Melhores Práticas do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) destaca que garantir a viabilidade econômico-financeira das empresas também envolve reduzir suas externalidades negativas e aumentar as positivas, levando em consideração os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, natural e reputacional) no curto, médio e longo prazos. É fundamental que as empresas entendam sua interdependência com os ecossistemas social, econômico e ambiental, reforçando suaresponsabilidade perante a sociedade.

Como afirma Tim Christophersen, Coordenador da UN Década para a Restauração de Ecossistemas: “Se a mudança climática é a doença, a natureza é parte da cura”. 

Referências Bibliográficas:


Autora

Patrícia Almeida – A.Gente do Capitalismo Consciente Brasil

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