Desenvolvimento sustentável: é preciso pensar globalmente e agir localmente

Existem problemas que afetam todo o planeta, mas cuja solução passa por intervenções a nível local

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como ECO-92 ou Cúpula da Terra, realizada no Rio em 1992, foi um marco na promoção do desenvolvimento sustentável. Durante essa conferência, a Agenda 21 foi adotada como um dos principais instrumentos para alcançar a sustentabilidade global.

A Agenda 21 estabeleceu que os princípios de sustentabilidade pudessem mudar os rumos do crescimento global e buscar um futuro em que o eixo econômico estivesse alinhado com a conservação ambiental e a inclusão social. Ao combinar a visão global com ações locais, a ideia se consagrou como “pensar globalmente e agir localmente”.

O conceito é claro: existem problemas que afetam todo o planeta, mas cuja solução passa por intervenções a nível local que, em conjunto, deveriam ser sinérgicas proporcionando a urgente transformação a nível global. Diante do cenário de degradação socioambiental em que vivemos, criou-se a necessidade premente de buscar um novo modelo de desenvolvimento mais sustentável e consciente, que não fosse apenas capitalista.

Sendo assim, faz-se necessário o redesenho e implementação de um modelo econômico capitalista, que retoma a essência da livre iniciativa e inclui a regeneração do meio ambiente, crescimento social, diminuição das desigualdades, cumprimento de regras e legislação, crescimento de oferta de oportunidades e criação de valor compartilhado e sustentável, principalmente entre as organizações e seus stakeholders. Um destes movimentos chama-se Capitalismo Consciente e tem como premissa básica o slogan “Propósito além do lucro”.

Nos últimos anos, tem-se visto um forte processo de regulamentação e legislações nacionais e internacionais, institucionalização para controle e mitigação das atividades degradadoras e tentativa de incorporação da sustentabilidade nos setores públicos e privados. Infelizmente estes resultados ainda são pequenos, setorizados e com práticas pontuais em ações ambientais e algumas poucas sociais.

Os efeitos do capitalismo desenfreado e da globalização como foi feito até agora, só aumentou a desigualdade socioeconômica, exclusão social, agravamento da crise climática e hídrica, escassez de recursos naturais, aumento da desertificação, deterioração da saúde mental, piora da qualidade de vida, concentração de riqueza, non-compliance, corrupção, fraudes, entre outros danos e impactos negativos.

Essa transformação consciente, cultural e global somente pode ser feita através da conscientização, educação e ação e são essenciais para enfrentar os desafios socioambientais e econômicos atuais e para construir um presente e futuro, não só mais resiliente, como também, regenerativo para todos.

Do local para o global é agir localmente (onde interagimos) para obter um todo (além da nossa esfera de interação) melhor. “As palavras movem. Os exemplos arrastam”, diz um ditado latino. Você pode inspirar o outro a ser um agente de transformação! Comece a agir por você e pelo futuro da terra e da vida.


Autora

Cláudia Freitas Leite, engenheira, M.Sc em Eng., com especialização em Eng. de Seg. do Trab. e em Eng. Sanitária/Meio Ambiente. MBA em Gestão de Negócios e Gestão de Gov., Riscos e Compliance. Voluntária do Capitalismo Consciente.

Artigo originalmente publicado no Diário do Comércio. Clique aqui para conferir.

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