Quando a gente pensa em educação, a maioria das pessoas lembra da infância. A emoção de ir à escola, o rosto da professora, as memórias do tempo de colégio. Sorrimos com o coração e percebemos que o tempo passou pelo acúmulo de aprendizados, experiências e colegas.
Ops! Para o filme!
Essa história não é a mesma para todos. Essa emoção e carinho vivem na elite, nos bem-nascidos, “na zona sul”, como diriam os rappers.
A educação e o acesso à escola ainda não acontecem para todos os brasileiros. Somos um país com 220 milhões de pessoas, mas ainda temos mais de 240 mil crianças entre 6 e 14 anos fora da escola. A pandemia da Covid-19 ainda afastou 172 mil das aulas, ao longo de 2020, segundo pesquisas do BID.
Somos um país com 31% de jovens desempregados entre 18 e 24 anos e ainda temos 11 milhões de pessoas analfabetas. E esses números, infelizmente, não têm data para zerar.
Nossos jovens vão para a escola, mas saem antes do Ensino Médio para trabalhar ou cuidar da família. Acabamos sem tempo de ensinar e educar para a vida, não oferecemos raciocínio empreendedor, inovador, exigimos resiliência pela luta diária e não valorizamos a audácia nem a inovação.
Celebramos as conquistas e viramos as costas para a tentativa e para o erro.
Nos países desenvolvidos, a tentativa e erro é parte da vitória. No empreendedorismo, tentar é evoluir. Ser resiliente é ser forte. Vulnerabilidade é a nova coragem. E tudo isso não se ensina na escola, mas na vida. Um caminho duro e longo. Até chegar lá, precisa haver incentivo, e nós não fazemos isso pelas nossas crianças e adolescentes.
Crianças precisam de motivação, de exemplo, de amor e paciência. Crianças constroem confiança em si mesmas, autoestima e valor quando os adultos que as cercam são seu esteio e seu porto seguro.
A educação começa em casa, segue pela escola, finaliza na vida. Empreendedorismo começa no estímulo, segue pela jornada de resiliência, deságua em propósito.
Nós, do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, acreditamos no protagonismo das lideranças. Líderes são pessoas que assumiram a tarefa de transformar. São crianças bem instruídas que hoje estão em cargos, posições e projetos que podem mudar seu entorno e seu mundo. Acreditamos todos os dias que estes líderes são cada vez mais conscientes do seu impacto e da sua influência. Entregam amor e cuidado, servem ao seu propósito, olham as pessoas ao seu redor.
Crianças saudáveis fazem isso. Olham para todos sem diferença, com amor puro.
Essa coragem e esse posicionamento começam na infância e podem começar agora. Se todos nós, juntos, ensinarmos nossas crianças a confiarem no processo, no aprendizado e na vida sustentável. Se criamos nossos filhos olhando para o impacto, teremos desde já futuros empreendedores mais nobres e executivos mais amorosos.
Nosso livro abre portas para uma educação empreendedora orientada para o impacto positivo. Entendemos que a visão de sustentabilidade, compartilhamento e amor ao próximo começa desde cedo e pode ser transferida aos negócios, à forma de entender a economia e a circulação de riqueza.
Consciência e respeito ao meio ambiente se iniciam cedo, e ainda dentro de casa.
Ser um(a) futuro(a) empreendedor(a) Capitalista Consciente pressupõe olhar as pessoas como iguais, levar amor e propósito no coração e desejar agir com integridade e verdade na cura de desigualdades do mundo ao seu redor.
Chegamos aos 200 anos de nossa independência mas, infelizmente, não a conquistamos plenamente, o que só acontecerá quando todos brasileiros e brasileiras tiverem oportunidades iguais, com alimentação adequada desde o berço, moradia e rendas dignas e, principalmente, educação de qualidade para todos.
Independência é liberdade de ser o que quiser e, para isso, educação é o grande grito.
Daniela Garcia
CEO do Instituto Capitalismo Consciente Brasil