No Mês das Mulheres, celebramos conquistas, mas também refletimos sobre o caminho que ainda falta percorrer para a equidade de gênero. Para os homens, essa data não deve ser apenas um momento de homenagens, mas um convite para a ação, para se tornarem aliados reais e comprometidos na construção de um mundo mais justo.
Ser aliado não é sobre ter um discurso bonito, mas sobre transformar atitudes. No ambiente de trabalho, significa não apenas apoiar mulheres em posições de liderança, mas também questionar comportamentos que perpetuam desigualdades e garantir que a cultura da empresa ofereça oportunidades iguais para todos. Estudos mostram que empresas com maior diversidade de gênero apresentam melhor desempenho financeiro e cultural. Por exemplo, uma análise da McKinsey revelou que empresas no quartil superior de diversidade de gênero no conselho são 27% mais propensas a apresentarem desempenho financeiro superior em comparação às do quartil inferior.
Mas essa transformação não pode ficar restrita ao mundo corporativo. O compromisso com a equidade precisa se expandir para dentro de casa, para o dia a dia. Homens que desejam ser aliados de verdade precisam olhar para suas próprias rotinas e perceber onde podem fazer mais. Como estão participando da criação dos filhos? Como contribuem para as tarefas domésticas? O trabalho invisível que historicamente recaiu sobre as mulheres — desde a gestão da casa até o cuidado emocional da família — precisa ser compartilhado. Equidade começa na divisão justa do tempo e das responsabilidades.
Se queremos um mundo mais igualitário, precisamos desafiar padrões que perpetuam desigualdades, não apenas no trabalho, mas na forma como organizamos a vida. Empresas que adotam políticas como licença parental igualitária ou horários flexíveis não estão apenas beneficiando as mulheres; estão permitindo que os homens também assumam um papel mais ativo no cuidado familiar, quebrando ciclos que reforçam a sobrecarga feminina.
A mudança acontece quando há escuta ativa. Homens precisam sair da posição de espectadores e se engajar: ler sobre equidade de gênero, escutar relatos de mulheres, entender o que podem fazer para abrir mais espaço e, principalmente, agir. Pequenos gestos, como interromper uma situação de mansplaining em uma reunião ou garantir que mulheres tenham voz e autonomia em ambientes de liderança, fazem diferença.
Essa transformação está profundamente conectada aos pilares do Capitalismo Consciente. A equidade de gênero é sobre propósito, sobre construir um modelo de negócios e sociedade que valorizam pessoas e relações de forma íntegra. É sobre entender que a inclusão de mulheres nos espaços de decisão gera impactos positivos para todos os stakeholders. E é sobre uma liderança que não apenas se diz consciente, mas que age de forma coerente com essa consciência, garantindo que a cultura de uma empresa e de uma sociedade sejam espelhos de um futuro mais justo.
Neste Mês das Mulheres, o convite está lançado: que os homens assumam seu papel na equidade não apenas no discurso, mas na prática, dentro e fora do ambiente corporativo. Que questionem, apoiem, participem e mudem. Porque equidade não é um favor. É um compromisso com um mundo melhor para todos.
Autor
Luciano Auto, A.Gente do Capitalismo Consciente Brasil, consultor e palestrante