Negócios devem ser, além de lucrativos, responsáveis, humanos e úteis para a sociedade

por Fabiana Zancanella para o Instituto Capitalismo Consciente Brasil

Nosso sistema atual ainda incentiva que as decisões sejam alicerçadas em objetivos como, potencializar o lucro momentâneo e maximizar ganhos em menor tempo e com menor risco. Porém, não é mais nenhuma novidade que o jogo mudou.

Nos dias de hoje, a forma como os negócios buscam se estruturar, assim como as necessidades apresentadas para as tomadas de decisões e as exigências externas, vêm direcionando o mercado para um olhar onde o foco não seja meramente a relação com o dinheiro. Percebe-se uma crescente valorização para que a proposta não se limite a gerar lucro para seus investidores e acionistas, mas sim, exija que as organizações promovam uma atuação capaz de perceber e incluir todos os envolvidos (seus stakeholders). 

Atualmente as empresas são alimentadas por paixão, propósito, geração de valor e gestão de impacto. Tendo como objetivo de negócio proporcionar muito mais que lucro, mas sim  promover um direcionamento para que as práticas sejam efetivadas de forma consciente. 

Hoje, já percebemos um crescente aumento entre as grandes, médias e pequenas empresas no que se refere ao entendimento e a compreensão de que, muito mais que a busca pelo lucro e retorno a seus acionistas, o que torna um negócio perene é sua capacidade de inspirar e gerar valor a todos seus stakeholders.

Quando adentramos na perspectiva de atenção aos stakeholders, nos aprofundamos em uma realidade onde, a força presente no todo transcende a possibilidade de potência de cada uma das partes. Isso é, o todo é maior que a soma das partes.

Mas afinal, quem são os stakeholders? Como faço para que meu negócio caminhe ao encontro das empresas conscientes e que efetivamente gere o impacto positivo que queremos no mundo?

Stakeholders são todos aqueles que, direta ou indiretamente, impactam o negócio.  Isso é, são os acionistas, investidores, fornecedores, colaboradores, a sociedade e a comunidade local. Todos que compõem o elo da cadeia produtiva e os interessados no sucesso da organização.

Empresas que têm, de forma genuína, o olhar e a atenção a todos os envolvidos, não só apresentam um maior retorno financeiro a médio e longo prazo, como possibilitam um engajamento fiel de todos os envolvidos. O que promove o crescimento do negócio e possibilita um retorno positivo a todos que se interrelacionam. De modo que, criar valor a seus stakeholders nada mais é que acompanhar o propósito do seu negócio.

Em sua obra “Empresas Humanizadas”, Raj Sisodia, David B. Wolfe e Jag Sheth abordam de forma esclarecedora a importância do olhar para os stakeholders e para as práticas conscientes. Ao entendermos essa abordagem e internalizarmos a necessidade de buscar diferentes formas de como podemos trazer para a ação práticas que concretizem essa perspectiva, torna-se natural e perceptível a reciprocidade existente entre a importância do cuidado aos stakeholders e o crescimento orgânico do negócio. 

De forma que, se acessarmos e conquistarmos um lugar no coração de nossos clientes eles terão grande satisfação em investir em nossos serviços e/ou produtos. Se, da mesma forma, fizermos essa conexão com os nossos colaboradores e equipe, notoriamente receberemos em produtividade, trabalho e orgulho em pertencer. Assim como, ao nos conectarmos emocionalmente com nossos fornecedores, colheremos benefícios em suas entregas. Da mesma forma, se a organização der a sociedade razões para que sintam orgulho de sua presença, desfrutará genuinamente de uma fonte fértil de clientes e possíveis funcionários. E, consequentemente, o que podemos dizer ao pensarmos nos investidores e acionistas? Provavelmente, a maioria deles orgulha-se de fazer parte de uma empresa da qual não só apresenta boa rentabilidade, mas agrega positivamente a todo sistema inserido.

Uma coisa é certa, não existe uma fórmula pronta e solução exata, porém, já temos caminhos para juntos direcionarmos os negócios ao encontro de uma consolidação mais humana e consciente. Então, mantenha sempre pulsante em sua mente:

– Desconstrua a errônea ideia que ainda impera de que os negócios existem para fazer dinheiro;

– Crie uma rede onde sim, negócios devem atingir lucro para serem sustentáveis, mas esse não é o objetivo de sua existência;

– O sucesso da sua empresa é medido pelo impacto que ela causa no mundo e não pelo lucro que gera;

– Honre o emocional implícito compartilhado com seus stakeholders,

– Negócios devem ser vistos de forma integrada;

– Construa um negócio que a sociedade se orgulhe e acolha com entusiasmo;

– Ajude todos os stakeholders a ganhar – seu negócio agradece;

– Mudar o modelo usado para fazer negócios leva tempo, então acredite: é possível mudar a mentalidade e forma de fazer negócios;

– Tudo é um processo, então se faz necessário que o primeiro passo seja dado. 

Encoraja-se e traga para ação toda força e potência que sua empresa pode ser para o mundo ao potencializar a força dos stakeholders.

*Fabiana Zancanella é conselheira regional do Capitalismo Consciente no Rio Grande do Sul e é especialista em pessoas, empreendedorismo social e negócios de impacto. 

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