O papel do capitalismo consciente como incentivador das práticas ESG

Há poucos anos, o tema ESG era uma pauta praticamente negligenciada em nosso país e é possível dizer que isso se deve muito à crença do mercado financeiro e de seus investidores de que a temática era praticamente emblemática e ideológica e, portanto, não merecia a criação de espaços dentro do mercado para discussões a respeito. Por conta disso, criou-se uma lacuna de conhecimento no que diz respeito às práticas ESG, principalmente no mercado de capitais. Tanto que, no Brasil, o tema encontra ainda um mercado relativamente cru, com vácuo de conhecimento e aplicação. 

Atualmente, há a ideia de que ESG reconhece uma empresa como responsável e que causa impacto positivo se ela se preocupa, por exemplo, em ser carbono neutro. Mas ESG vai muito além disso. É preciso se preocupar efetivamente com as esferas relacionadas ao meio ambiente, ao social e à governança de forma integrada, pois de nada adianta ter boas condutas ambientais se a empresa pratica trabalho escravo, por exemplo. Assim, a implementação de práticas ESG não deve acontecer de forma simplista. Antes, é preciso investir em educação.

Há, ainda, outra questão importante que por vezes ocorre no Brasil: a nutrição de um prisma elitista da pauta, que edifica a noção de que é custoso realizar boas práticas e sinaliza ao mercado que práticas ESG somente poderiam ser realizadas por empresas de grande porte. Isso faz com que empresas de menor porte não se mobilizem sobre o assunto por entenderem que tais ações não se encaixam em seu perfil, o que se transforma, na verdade, em um grande problema, visto que a maioria das empresas hoje no Brasil são de micro e pequeno porte. 

Mais uma vez, reforço que o desenvolvimento mais profundo de uma visão sistêmica sobre a agenda ESG somente será possível por meio da educação. E é aí que entra o Instituto Capitalismo Consciente Brasil que, de muitas formas, se relaciona com as práticas ESG para elevar a consciência das lideranças empresariais para a realização de práticas baseadas na geração de valor para todos os stakeholders.

 Uma vez atuante no setor privado para fomentar a liderança consciente por meio da educação, o capitalismo consciente, ao mesmo tempo em que realiza o seu trabalho de potencialização da consciência, também incentiva a implementação de práticas ESG, de forma não superficial e em contextos empresariais diversos, pois, é por meio desses mesmos líderes empresariais conscientes que ações serão pensadas de forma mais estratégica para aprimorar a empresa, buscando-se cada vez mais conhecimento e formas práticas de atuação para que sua organização se torne referência em seu setor.

Nesse sentido, o capitalismo consciente auxilia o setor privado a agir de forma consciente, o que, por sua vez, leva as empresas a conhecerem mais a fundo o seu propósito e a entregar valor à sociedade. Neste âmbito, as empresas se voltam para muito além da procura pelo ganho financeiro. Elas assumem um modus operandi eficaz, focado em uma atuação sistêmica, preocupando-se com uma gestão integrada e com a satisfação de toda a cadeia de funcionamento da organização, primando pela sua sustentabilidade a longo prazo e pela saúde do meio ambiente, das pessoas que fazem parte da empresa de alguma forma e ainda, da comunidade no seu entorno.


Maria Eduarda Gasparotto é Conselheira na filial regional do Capitalismo Consciente no Rio Grande do Sul e Advogada e Sócia da MEGA Consultoria Ambiental


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