Conduzido pela Fundamento Análises, e com apoio do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, estudo Na Trilha da COP 28 revelou baixo engajamento em relação aos problemas climáticos e estratégias ASG, considerando que 91% dos entrevistados nunca participaram da conferência da ONU
Embora os eventos climáticos globais se tornem cada vez mais desafiadores e ameacem a continuidade da vida no planeta, apenas 22% das empresas com sede no Brasil pretende participar ativamente da 28ª edição da Conferência das Partes, a COP 28, que acontece em Dubai, de 30 de novembro a 12 de dezembro. É o que apontou a pesquisa inédita ‘Na Trilha da COP 28’, conduzida pela Fundamento Análises, unidade da Fundamento Grupo de Comunicação, que teve seus resultados divulgados em evento híbrido no dia 22 de novembro, em São Paulo. O relatório completo está disponível em www.pesquisacop28.com.br
Mais de 300 executivos de ASG (Ambiental, Social e Governança) e áreas correlatas – a maioria exercendo cargos de gestão em empresas de médio e grande porte – compartilharam suas impressões entre os dias 9 de outubro e 9 de novembro. O estudo contou com o apoio institucional da Associação Brasileira de ESG, da Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável (ABRAPS) e do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB), o levantamento foi direcionado aos gestores que atuam em ASG (Ambiental, Social e Governança), sustentabilidade, responsabilidade corporativa e áreas correlatas.
Quase 450 participantes se interessaram em participar do levantamento, mas mais de 130 deles não tinham as informações necessárias sobre os planos da empresa para a COP 28 e para o enfrentamento das questões climáticas no contexto da sustentabilidade das operações da companhia a longo prazo, como destaca a CEO e Fundadora da Fundamento Grupo de Comunicação, Marta Dourado. “Muitos desses profissionais, inclusive, possuem ASG como parte das responsabilidades de seu cargo. Esse já é mais um indicador de que ainda falta muito a avançar para que as urgentes questões ambientais entre, de fato, na agenda das corporações”.
Marta ressalta ainda que, ao mesmo tempo em que 78% das empresas tenham afirmado ter uma expectativa positiva em relação à atuação do Brasil na COP 28, 48% aguardam as deliberações para adequar suas atividades a possíveis novas regulamentações. “Além disso, as respostas ainda são vagas no que se refere ao detalhamento da implementação das práticas de sustentabilidade. Observamos que ainda há uma demora e uma ausência de objetividade na tomada de decisões, e uma passividade em esperar que as soluções venham apenas do governo”, diz.
Márcio Mendes, diretor de Marketing e conselheiro deliberativo da ABRAPS, acredita que, para que aconteçam avanços na implementação de práticas ASG nas empresas no Brasil, é preciso incluir essa questão como parte da cultura da organização. “Isso deveria compor o modelo de negócio, não estar restrito a uma pessoa, um cargo ou departamento. Estamos falando de mudanças climáticas e ameaças à sobrevivência, precisamos mudar o discurso que ainda temos desde a Revolução Industrial e perceber que a atuação dentro dos parâmetros ASG vem para impactar positivamente não só a vida em sociedade, mas também a economia. O lucro virá de ações sustentáveis”.
Já para Cristiano Lagôas, presidente da Associação Brasileira de ESG, é preocupante verificar que 91% das empresas nunca participaram ativamente de uma COP. “Já estamos falando desse assunto há 30 anos e, infelizmente, ainda evoluímos muito pouco. A conferência desse ano é crucial porque trará o primeiro balanço dos compromissos assumidos pelos países que assinaram o Acordo de Paris, e conseguiremos ver o que efetivamente caminhou. Tivemos a Rio-92, a primeira COP em 1995, e mesmo assim observamos que ainda há necessidade de maior adesão em termos globais”, acrescenta. “É essencial também que as corporações se engajem e tenham um plano efetivo de ação para a COP 30, que acontece em 2025 no Brasil. Se esse ano a distância e possíveis custos podem servir como desculpa para, isso não se aplica mais à conferência que vamos sediar. As empresas precisam começar a se planejar agora, inclusive com o apoio das entidades, que já estão se mobilizando”.
Entre as organizações que atuarão de alguma forma na COP 28, apenas 33% estão se envolvendo em atividades preparatórias, buscando orientações para o investimento de tempo e recursos na conferência. Neste grupo, 48% estão conduzindo debates internos sobre os tópicos que serão abordados e, isoladamente, 4% estão fornecendo treinamento aos representantes que comparecerão ao encontro. Por outro lado, 26% já iniciaram estudos e projetos para possíveis ajustes decorrentes das decisões tomadas na COP 28.
Detalhes da Pesquisa: Resultados e Percepções
FALTA DE PREPARO EMPRESARIAL
Mais de 130 líderes corporativos expressaram interesse no levantamento, porém, enfrentaram desafios ao abordar questões sobre a relevância da COP 28 e as estratégias de mitigação climática. Uma proporção desses líderes era composta por gestores de ASG ou áreas afins, ressaltando a necessidade de fortalecer a conscientização corporativa e promover alinhamento estratégico interno. O contexto aponta para a necessidade contínua de ampliar a conscientização corporativa, fortalecer o alinhamento estratégico interno e promover a valorização dos riscos ambientais, bem como a prevenção destes, no planejamento e na visão de futuro de algumas companhias estabelecidas no Brasil.
PARTICIPAÇÃO INATIVA
Apesar dos desafios logísticos, como distância e custos, o engajamento permanece restrito para a COP 30 em 2025, que será realizada em Belém, Brasil. Embora 25% expressem interesse em participar, representando um aumento em relação aos 21% deste ano, 26% ainda preferem apenas acompanhar como ouvintes, enquanto 55% estão avaliando sua presença ou possíveis ações futuras.
OTIMISMO VERSUS NEGATIVIDADE E NEUTRALIDADE
55% dos executivos entrevistados expressam otimismo em relação à COP 28, embora essa confiança esteja mais fundamentada na gravidade das consequências climáticas do que na crença de uma predisposição de boa vontade entre as nações. Para esses participantes, a pressão decorrente dos riscos à segurança alimentar, à sustentabilidade econômica e, em última instância, à sobrevivência no planeta, será um impulso decisivo. Por outro lado, os 39% que adotam uma posição neutra expressam desconfiança quanto ao real impacto da interferência política nas diretrizes estabelecidas, assim como em relação à capacidade e aos recursos dos países para efetivarem os
planos propostos. Além disso, uma parcela de 6% expressa uma visão negativa em relação ao evento.
OS EFEITOS NAS OPERAÇÕES EMPRESARIAIS
Agravada pela urgência climática, a maioria dos executivos entrevistados diz que as empresas não terão escolha senão se adaptar às possíveis diretrizes. Para 48% dos participantes, a previsão é de impactos diretos nas operações pós-evento, com 44% concentrados no aprimoramento da estratégia ASG, 17% antecipando metas mais rigorosas para redução de emissões e eficiência energética, 15% prevendo novas regulamentações, 11% buscando maior alinhamento estratégico com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), 9% implementando ações de conscientização e aculturamento interno, e 4% já realizando alterações nos processos de produção com impacto ambiental. Enquanto 16% planejam expandir negócios com as mudanças, 22% permanecem incertas sobre o que esperar, destacando uma diversidade de perspectivas no cenário empresarial.
ALÉM DO MERCADO GLOBAL DE CARBONO
Além das expectativas pelo desenvolvimento do mercado global de carbono, os participantes aguardam com interesse os resultados em três áreas: formulação de estratégias de adaptação climática (42%), políticas de transição energética e energia limpa (40%), e programas de trabalho para mitigação dos impactos climáticos (37%). Esses interesses refletem uma visão ampla e uma preocupação abrangente em relação às mudanças climáticas, especialmente considerando que a maioria dos respondentes ocupa cargos de gestão.
BRASIL COMO PROTAGONISTA
Na visão de 78% dos executivos entrevistados, o Brasil desempenhará um papel importante na COP 28, tendo todas as condições de assumir o protagonismo em debates relevantes. Segundo esses participantes, isso se dá por um conjunto de fatores que vão além da questão óbvia do país deter em seu território a maior floresta do mundo e ampla biodiversidade. Entram nessa avaliação o fato de o país já oferecer fontes de energia limpa, ser um dos principais produtores mundiais de alimentos e o empenho do governo atual em buscar essa atuação mais expressiva. Em adição, acreditam que o país pode se destacar nos mercados de hidrogênio verde e biocombustíveis, focos de interesses econômicos.
Por outro lado, os 22% que não possuem expectativas favoráveis veem uma dificuldade para o Brasil lidar com questões internas antes mesmo de pensar em desempenhar um papel de protagonismo global. Essas preocupações abrangem a incapacidade em prevenir e mitigar problemas climáticos e proteger a população mais vulnerável. Além disso, apontam para desafios na articulação política para colocar projetos em prática, com decisões mais políticas e menos técnicas, além de destacarem a persistência da corrupção como uma barreira.
SOBRE A PESQUISA ‘NA TRILHA DA COP 28’
A pesquisa ‘Na Trilha da COP 28’, conduzida pela Fundamento Análises, unidade especializada em Business Intelligence do Fundamento Grupo de Comunicação, teve apoio da Associação Brasileira de ESG, Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável (ABRAPS) e Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB). Realizada de 09 de outubro a 09 de novembro de
2023, envolveu 446 executivos de ASG, sustentabilidade e áreas correlatas. 17% são empresas multinacionais e 83% nacionais, com matrizes no Brasil (84%), Alemanha (3%), Estados Unidos (3%), França (2%), Japão (1%) e outras regiões (7%).
Para garantir a consistência dos dados, foram considerados apenas questionários com respostas completas, totalizando 311 respostas válidas, com 28% de presidentes, CEOs, sócios e proprietários, e 52% em cargos de diretoria ou gestão. Envolvendo 17 setores, a maioria são de grande (30%) e médio (31%) porte. Considerando o número de empresas ativas no país, conforme dados do Governo Federal, o índice de confiança é de 95% e a margem de erro é de 5,5%.
Acesse a pesquisa completa no link: www.pesquisacop28.com.br
Sobre a COP 28
Durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, a Rio 92, representantes de 179 países consolidaram uma agenda global para minimizar os problemas ambientais mundiais. O foco era a busca do desenvolvimento sustentável, com um modelo de crescimento econômico e social aliado à preservação ambiental e ao equilíbrio climático em todo o planeta. Nesse cenário, foi elaborada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Foram definidos compromissos e obrigações para todos os países (denominados Partes da Convenção). A Conferência das Partes da Convenção (COP) reúne todos os anos os países membros para determinar metas e responsabilidades, e identificar e avaliar medidas climáticas. A 21ª sessão da COP (COP21) conduziu ao Acordo de Paris, que mobilizou uma ação coletiva global para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais até 2100, e para agir para se adaptar aos efeitos já existentes das alterações climáticas. Visite o site oficial da COP 28.
Sobre a Fundamento Análises
A Fundamento Análises é a unidade da Fundamento Grupo de Comunicação especializada em identificar tendências e elaborar indicadores consistentes, agregando Business Analytics à tomada de decisões, gerenciamento de riscos e crises e planejamentos estratégicos de comunicação corporativa. Com ampla experiência de mercado, alia tecnologias avançadas à expertise e capacitação de seus profissionais, garantindo resultados precisos e diagnósticos relevantes para empresas e organizações de todos os portes, nos mais variados setores. Todos os projetos seguem as diretrizes do Código Internacional de Pesquisa de Mercado, de Opinião e Social ICC/ESOMAR, assegurando os mais altos padrões de ética, sigilo e confiabilidade nos dados apurados. Saiba mais em https://fundamento.com.br/analises/pt_br/
Fundamento Grupo de Comunicação
Com mais de 30 anos de atuação, a Fundamento Grupo de Comunicação é uma agência brasileira que integra performance, autoridade digital e comunicação corporativa. Com equipes especializadas e metodologias de gestão ágil, a agência viabiliza estratégias de negócios que incorporaram marketing, relações públicas e inteligência de mercado. Criada por Marta Dourado, a Fundamento está entre as 30 maiores agências individuais no país, de acordo com o ranking do setor de comunicação corporativa. Associada da Baird’s CMC e GlobalComPR Network, a agência possui extensa bagagem em trabalhos internacionais, seja liderando projetos na região da América Latina, onde possui extensa rede de colaboradores, seja integrando projetos globais. Seu portfólio inclui alguns cases históricos, sendo vários premiados. Saiba mais em: https://fundamento.com.br/pt_br/
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