Em um cenário onde o Capitalismo Consciente emerge como protagonista na busca por uma sociedade mais equitativa e sustentável, o painel “Como Pagar Essa Conta? A visão do Capitalismo Consciente junto ao Mercado Financeiro“, proporcionou insights sobre a interseção entre o mercado financeiro e práticas conscientes. Mediado por Thais Lopes, fundadora das “Mães Negras do Brasil”, o debate realizado durante o III Fórum Brasileiro do Capitalismo Consciente contou com as perspicazes contribuições de Renato Eid, partner do Itaú Asset Management; Alan Soares, CSO e fundador do Movimento Black Money; e Vanessa Reisner, CEO da Índigo, conselheira e diretora do programa avançado em ESG da Saint Paul Escola de Negócios.
Vanessa, uma veterana com mais de duas décadas de experiência no mercado financeiro, compartilhou sua visão sobre a transição necessária para um capitalismo mais consciente. De acordo com ela, ao longo de sua jornada, ficou evidente a importância do consumo responsável como ponto de partida para mudanças significativas. “Tudo começa pelo consumo. O consumidor das novas gerações já tem um jeito diferente de consumir, fazer escolhas e perguntas diferentes. Eu acredito que quem está aqui nessa sala já está mudando do Brasil, e é possível sim a gente ter um Capitalismo Consciente também no mercado financeiro”, disse.
A especialista abordou a crescente importância dos investidores na promoção de práticas conscientes e destacou a mudança no cenário financeiro, em que os investidores começam a demandar informações não financeiras, nem sempre presentes nos reports e, com isso, conseguem construir insights sobre a liderança e a gestão das empresas. Outro ponto bastante ressaltado por Vanessa diz respeito à educação como vetor de mudança no mercado financeiro, com capacidade de impacto imediato. Segundo ela, é possível promover o debate, a reflexão e inspirar pessoas de setores diferentes por meio da troca de informações, promovendo a inestimável geração de valor.
Renato, abordou a convergência do capitalismo consciente ao falar sobre a importância de integrar variáveis sociais, ambientais e de governança (ESG) nos investimentos. Ele destacou a mudança nas perspectivas, impulsionada pela consciência do consumidor, e argumentou que é possível obter retornos financeiros sólidos ao investir de maneira responsável.
O partner do Itaú Asset Management enfatizou o papel ativo dos investidores ao engajar empresas, exercer votos em assembleias e usar instrumentos financeiros, como Green Bonds, para apoiar a transição para uma economia mais sustentável. Ele alertou sobre os perigos do “greenwashing”, incentivou os investidores a questionarem o destino de seus investimentos, destacando o poder que possuem para influenciar mudanças positivas e defendeu a integração total da agenda ESG, enfatizando a responsabilidade dos investidores na construção de uma economia verde e sustentável.
Já Alan se destacou por apresentar uma visão crítica em relação à possibilidade de o capitalismo ser consciente. Ele argumentou que, enquanto indivíduos podem agir de maneira consciente, o sistema econômico em si, baseado na exploração para gerar lucro, não possui essa capacidade intrínseca. “Nós é que, como indivíduos, podemos tomar a decisão de investir em algo que possa dar retorno social às pessoas e que também não agrida tanto o meio ambiente. Mas o capitalismo, por si só, não foi feito para isso”, falou.
O CSO do Movimento Black Money conectou a origem do capitalismo à colonização europeia na África, ressaltando como a exploração colonial foi fundamental para o desenvolvimento desse sistema. E defendeu a importância do debate proposto para uma transição em direção a um sistema mais eficiente, rumo à superação do capitalismo. Ele também falou sobre o papel das políticas públicas, incentivos e educação para impulsionar a transformação desejada no campo financeiro e ambiental; lembrou da necessidade de mais diversidade nos conselhos e da compreensão por parte do mercado financeiro sobre a importância do retorno social e ambiental em comparação ao retorno financeiro.